Fé pode interferir no funcionamento do cérebro e regular estado de ânimo
No quadro Correspondente Médico, Fernando Gomes aborda como diferentes credos religiosos influenciam psicologicamente
Na edição desta quinta-feira (9) do quadro Correspondente Médico, no Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre a importância de crenças religiosas para a mente e a saúde.
Segundo o médico, a fé atua de forma específica no cérebro independentemente de credo, “silenciando” algumas áreas e ativando outras. Em um momento de oração, por exemplo, o lobo parietal – a área relacionada à percepção do meio ambiente e da própria pessoa – acaba sendo inativada, enquanto o lobo frontal, que trata da concentração e do foco, e o giro do cíngulo e tálamo, relacionados ao gerenciamento das emoções, são mais acionados.
“Quando isso acontece, o cérebro da pessoa funciona de uma forma diferente. Com isso, ela consegue suportar muito mais as coisas diferentes e adversidades da vida e também consegue desenvolver um olhar com mais esperança para o futuro”, ressaltou.
Fernando Gomes destacou um dos recortes da inteligência múltipla muito presente em líderes religiosos, conhecido como inteligência existencial. Para ele, a pandemia foi um momento em que muitas pessoas passaram a entender sua importância. “Diferente dos outros animais, os seres humanos sabem do processo do nascimento e sabem que vão morrer. A tentativa e a forma de solucionar essa angústia que todo mundo carrega acaba tendo como porta de manifestação a inteligência existencial. É importante estimular essa área”, disse.
Questionado pelo público em perguntas enviadas através do Instagram da CNN, o neurocirurgião explicou cientificamente a razão por trás do fanatismo religioso.
“A discussão acaba entrando também em casos de time de futebol, bairrismo… algumas pessoas ficam com a cabeça plugada nesse formato de funcionamento e muitas vezes até deixam que outras ideias não transitem em seus lobos frontais. O excesso de tudo, deixando a razão de lado, pode ser prejudicial.”
Gomes também falou sobre a produção da endorfina e serotonina, substâncias que regulam o estado anímico de cada pessoa. “A gente sabe que a fé consegue interferir no funcionamento do cérebro, sim.”
“Provavelmente circuitos relacionados com neurotransmissores que provocam o bem-estar são liberados. Sabemos disso porque durante um processo de recuperação, pessoas que têm fé, famílias e indivíduos que trabalham com uma linha que esse trânsito de informação aconteça, têm uma evolução muitas vezes mais satisfatória. Não podemos deixar de considerar que existe uma influência positiva da fé no cérebro”, acrescentou.