Pais lutam para garantir inclusão nas escolas
Lei brasileira de inclusão está em vigor desde 2016, mas ainda é difícil conseguir vagas para crianças com deficiência em escolas regulares
Segundo pesquisadores, separar as pessoas com deficiência em escolas exclusivas fará com que elas não saibam lidar com os outros, e, consequentemente, com que os outros também não saibam lidar com elas.
Essa postura de exclusão vai contra tudo o que a educação inclusiva defende. Esse modelo educacional não pretende tornar todas as crianças iguais, mas busca valorizar e ensinar o respeito às diferenças que elas têm.
De acordo com Rodrigo Mendes, pesquisador de educação inclusiva, a separação de pessoas com deficiência no âmbito educacional já se mostrou ultrapassada e antiquada.
“Esse modelo de escola, é bom lembrar, já foi testado por muitas décadas não só no Brasil, no mundo inteiro. E ele falhou”, disse Mendes, que destacou também que essa separação acaba criando adultos dependentes de suas famílias e instituições.
Essas então crianças se tornaram adultos totalmente dependentes de suas famílias ou, às vezes, até de instituições. São raros os casos que tiveram condições de ter uma vida independente
Rodrigo Mendes, pesquisador de educação inclusiva
Mudanças na Apae
A antiga Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) passou por mudanças nesse sentido. Hoje, a organização se tornou o Instituto Jô Clemente, que adotou um modelo que garante inclusão em escolas de ensino regular.
Roselli Olher, supervisora de educação do instituto, diz que o trabalho realizado tem como objetivo ajudar o desenvolvimento dessas pessoas em seus ciclos sociais.
“A gente, por meio de projetos e materiais acessíveis e adaptados, trabalha para que eles possam se desenvolver dentro do espaço escolar, trabalho e familiar”, disse.
A gente trabalha com a quebra de barreiras, ou seja, toda a criança e todo o adolescente que entra pra atendimento ele passa por uma avaliação com os pedagogos, pra gente avaliar qual a dificuldade que eles apresentam
Roselli Olher, supervisora de educação do Instituto Jô Clemente
Falta de inclusão em escolar regulares
Ainda é um desafio encontrar escolas regulares que estejam dispostas a receber crianças com deficiência.
Esse é o caso de Miguel, de 8 anos, que é autista e frequenta tanto o instituto quanto uma escola regular, mas terá de encontrar um novo colégio no próximo ano.
A situação está trazendo preocupação para a mãe dele, Marisa, que já visitou 12 escolas buscando uma vaga.
“Enquanto eles estão mostrando a estrutura do colégio que eles têm para oferecer é tudo perfeito. A hora que você começa a mostrar as dificuldades que ela possa a vir ter (…) aí começam a surgir as dificuldades”, disse Marisa.