Disputa por Essequibo: Brasil avalia que Venezuela tem limitações na área militar
Documento foi elaborado pelo Ministério da Defesa, em resposta a um requerimento de informações da Câmara dos Deputados
A Venezuela possui “baixa disponibilidade de equipamentos e níveis de treinamento militar com restrição”. A avaliação é do Ministério da Defesa brasileiro, em resposta a um requerimento de informações feito pela Câmara dos Deputados.
O documento, de autoria do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL/SP), questiona as eventuais ameaças ao território nacional diante da disputa do país vizinho pela incorporação do território de Essequibo — atualmente pertencente à Guiana.
O Ministério da Defesa pondera que os equipamentos militares venezuelanos são relativamente modernos, em boa parte oriundos da China e Rússia, no entanto “há pouca capacidade logística para apoiar missões fora do país”.
“Embora a crise econômica tenha afetado a capacidade do governo de sustentar despesas militares, impactando em novas aquisições, recentemente foram renovados, mas com pouca robustez, acordos na área de manutenção e modernização dos meios”, complementa a análise brasileira a qual a CNN teve acesso.
Ainda de acordo com o documento, a indústria de defesa da Venezuela baseia-se numa série de pequenas empresas estatais, focadas principalmente na produção de armas/equipamentos de pequeno porte e munições. “E a sua indústria naval tem se limitado a construção de pequenas embarcações de patrulha costeira”, acrescenta.
O requerimento também pede uma avaliação da inteligência militar brasileira sobre a capacidade de investidas aéreas por parte das Forças Armadas venezuelanas. Nesse contexto, são solicitadas informações sobre a estimativa do número de aviões de combate e de mísseis prontos para uso por parte da Venezuela.
A Defesa responde que o país possui 36 caças (de dois modelos) e dois sistemas de mísseis antibalísticos russo. O que, segundo o relatório, são considerados de baixo potencial para investidas externas.
Entenda o conflito envolvendo Essequibo
A tensão entre Venezuela e Guiana escalou em 2023 após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, promover um referendo para reivindicar o território de Essequibo.
A região, rica em recursos naturais, tem 160 quilômetros quadrados e corresponde a cerca de 70% do território da Guiana.
Em novembro, o Brasil reforçou a segurança nas fronteiras, por temer que tropas venezuelanas usassem passagem pela floresta amazônica para invadir o território alvo de disputas.
Recentemente, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, intermediou um encontro entre chanceleres dos dois países. Ao final, disse que tanto Venezuela, quanto Guiana “comprometeram-se, reconhecidas as diferenças de lado a lado, a seguir dialogando”.