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    Mari Palma
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    Mari Palma

    Sou jornalista, com pós em moda, neurociência e comportamento. Também sou embaixadora da Marvel, fã de Friends e Beatles, 4 vezes tia e mãe de cachorro

    Pobres Criaturas: há muito tempo um filme não me impressionava tanto

    É pra sentar na cadeira do cinema e viver uma experiência do começo ao fim

    Sabe aquele filme que você vai assistir sem nenhuma expectativa? Eu fiz isso na semana passada com Pobres Criaturas. Tudo bem, eu já sabia que era um filme super premiado e recém-indicado ao Oscar, mas até aí… muitos filmes super premiados e indicados ao Oscar já me decepcionaram bastante. Então, lá estava eu mais uma vez, na poltrona do cinema, com a minha pipoca na mão, esperando pra ver o que eu achei que seria só mais um desses.

    Felizmente eu estava errada. MUITO errada. Nunca estive tão errada na minha vida.

    Pobres Criaturas é maravilhoso. Esquisito. Bizarro. Mágico. Surpreendente. Tudo isso ao mesmo tempo. Antes de continuar, deixa eu explicar o filme: ele é baseado num livro que tem o mesmo nome e conta a história de uma jovem que se joga de uma ponte, mas é trazida de volta à vida por um cientista, interpretado pelo incrível Willem Dafoe.

    Como ele faz isso? Atenção pra bizarrice: ele coloca o cérebro de um bebê nela. Sim, uma coisa bem Frankenstein. É isso mesmo. Ela vira uma criança no corpo de uma mulher adulta. E quem encara o desafio de interpretar esse papel é Emma Stone – uma atriz que eu já gostava muito, mas que agora eu sou completamente obcecada. Na minha opinião, inclusive, já podem dar o Oscar de melhor atriz pra ela.

    É impressionante a evolução da personagem ao longo do filme: é como se ela interpretasse vários papéis em um só. Inicialmente, uma criança trancada dentro de casa aprendendo a desempenhar as tarefas básicas da vida. Depois, uma adolescente que questiona tudo e sonha em conhecer o mundo. Uma jovem curiosa que foge com um homem mais velho atrás de liberdade. Até chegar na mulher independente, forte e corajosa que ela descobre ser. Uma jornada complexa de autoconhecimento que pode fazer muita gente se identificar. Tudo isso numa mistura de drama e comédia que não te faz querer sair da cadeira.

    A história acontece na Inglaterra, na era vitoriana, e é muito interessante como esse mundo é construído no filme. Um universo de fantasia, cheio de cores, com figurinos extravagantes e criativos que, é bom lembrar, também fazem parte da história. Eu, como diz a bio desse blog, sou completamente apaixonada por moda e não tem como ignorar esse “detalhe” em Pobres Criaturas – as roupas são informações importantíssimas na construção das personagens e, no caso da protagonista, vão evoluindo brilhantemente junto com ela no processo de descoberta.

    E como é surpreendente descobrir esse mundo pelos olhos ingênuos dela. É como o nosso olhar ainda não tivesse sido “contaminado” pela vida e alguém mostrasse um olhar cru e prático sobre questões que a gente gosta de complicar. Porque apesar de ser um universo de mentira, muito do que acontece ali é verdade do lado de cá, principalmente com as mulheres – misoginia, machismo, falta de liberdade, censura sobre o corpo e todas as muitas limitações que a gente infelizmente conhece bastante. Além da desigualdade social que também está no centro do filme.

    Enfim, acho que eu nunca escrevi tanto nesse blog, então melhor parar por aqui. Se possível, vá ao cinema assistir a Pobres Criaturas e se surpreender com a história e a atuação da Emma Stone. Depois me manda uma mensagem por DM no Instagram (@maripalma, caso você não me siga) porque eu quero saber o que você achou do filme. Aí quando chegar 10 de março, dia do Oscar, a gente vê o que acontece.