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    Nova variante: o que já se sabe sobre a transmissibilidade da Ômicron

    Estudo conduzido na África do Sul mostra que chance de reinfecção é três vezes maior pela nova variante do coronavírus

    Anna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    Desde que foi anunciada sua descoberta, em 25 de novembro, países de todo o mundo se mobilizaram rapidamente para amenizar os impactos da nova variante Ômicron. A linhagem B.1.1.529 do novo coronavírus foi identificada pela primeira vez em Botsuana, no sul da África, e logo foi encontrada na África do Sul e em Hong Kong.

    Em poucos dias, mais de 36 países já registraram detecções da nova variante, entre eles o Brasil, com o total de seis casos, sendo três no estado de São Paulo, dois no Distrito Federal e um detectado no Rio Grande do Sul.

    Atualmente, o que intriga os cientistas de todo o mundo são o nível de transmissibilidade da nova variante e a eficácia das vacinas contra ela.

    Segundo a cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, a variante Ômicron do coronavírus é muito transmissível, mas as pessoas não devem entrar em pânico.

    “Até que ponto devemos ficar preocupados? Precisamos estar preparados e cautelosos, não entrar em pânico, porque estamos em uma situação diferente de um ano atrás”, disse Swaminathan.

    Chance de reinfecção até três vezes maior

    Uma atualização do estudo conduzido na África do Sul, de autoria de Juliet Pulliam, diretora do Centro de Centro de Excelência Sul-Africano DSI-NRF em Modelagem e Análise Epidemiológica, foi publicada na sexta (2) e aponta que a chance de retransmissão variante Ômicron é três vezes maior em relação às outras variantes.

    A pesquisa visa examinar se o risco de reinfecção de SARS-CoV-2 mudou ao longo do tempo na África do Sul, no contexto do surgimento das variantes Beta, Delta e Ômicron. E mostra que a Ômicron tem mais chances de reinfectar quem já teve Covid-19.

    O estudo foi baseado em dados coletados pelo sistema de saúde da África do Sul em cerca de 2,8 milhões de infecções confirmadas por coronavírus entre março de 2020 e 27 de novembro de 2021, incluindo 35.670 suspeitas de reinfecções.

    Com foco na análise de testes positivos para a Covid-19, os cientistas observaram um aumento significativo de supostas reinfecções, que coincidem com o aumento da variante Ômicron. Nem todas as amostras foram sequenciadas, mas os pesquisadores dizem que não houve essa tendência com outras variantes no país, o que pode indicar que a nova cepa conseguiria driblar a imunidade provocada por uma infecção anterior.

    Segundo publicação de Juliet Pulliam no Twitter, as evidências de aumento do risco de reinfecção associado ao surgimento da Ômicron sugerem a evasão de imunidade da infecção anterior.

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    “Observamos um aumento recente no número de reinfecções em indivíduos que já tiveram múltiplas infecções suspeitas em meados de novembro. As descobertas sugerem que a vantagem de seleção da Ômicron é, pelo menos parcialmente, impulsionada por uma maior capacidade de infectar indivíduos previamente infectados. Não temos informações sobre o estado de vacinação dos indivíduos em nosso conjunto de dados e, portanto, não podemos avaliar se a Ômicron também evita a imunidade derivada da vacina”, explica a autora do estudo.

    Ela diz que foram utilizados dois métodos para monitorar as mudanças no risco de reinfecção.

    “Ambos os métodos são responsáveis ​​pela mudança da força de infecção experimentada por todos os indivíduos, e pelo número crescente de indivíduos elegíveis para reinfecção ao longo do tempo”, disse Juliet.

    A pesquisa recente reitera o que muitos cientistas vêm dizendo: ainda é cedo para avaliar o real potencial da variante, e novos estudos devem trazer respostas mais concisas em torno dos impactos da Ômicron.

    “As próximas etapas incluem quantificar a extensão do escape imunológico da Ômicron para imunidade natural e derivada da vacina, bem como sua transmissibilidade em relação a outras variantes. Também são necessários dados urgentes sobre a gravidade da doença associada à infecção por Ômicron, incluindo em indivíduos com histórico de infecção anterior”, conclui o estudo.

    Por se tratar de um estudo preliminar, o material ainda deve passar por revisão da comunidade científica.

    Sintomas “muito leves”

    Uma médica sul-africana, que foi uma das primeiras a suspeitar de uma cepa diferente de coronavírus entre seus pacientes, disse no domingo (28) que os sintomas da variante Ômicron eram até agora leves, podendo ser tratados em casa.

    A doutora Angelique Coetzee, médica particular e presidente da Associação Médica da África do Sul, disse à agência Reuters que em 18 de novembro ela notou sete pacientes em sua clínica que apresentavam sintomas diferentes da variante Delta, embora “muito leves”.

    “A maioria deles (médicos) está vendo sintomas muito, muito leves e nenhum deles até agora encaminhou pacientes para cirurgias. Temos sido capazes de tratar esses pacientes de forma conservadora em casa”, disse ela.

    Sua experiência até agora mostra que a variante está afetando pessoas com 40 anos ou menos. Quase metade dos pacientes com sintomas de Ômicron que ela tratou não foram vacinados.

     

     

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