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    CGU recupera 120 gb de material produzido por “Abin paralela”

    Material, segundo apurou a CNN, tem servido de subsídio para o avanço da apuração que resultou na operação que tinha como um dos alvos Alexandre Ramagem

    Thais Arbexda CNN , Brasília

    A Controladoria-Geral da União (CGU) conseguiu recuperar 120 gb de documentos que foram produzidos pela chamada “Abin paralela” — estrutura investigada pela Polícia Federal (PF) por suposta instrumentalização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Desse montante, 8 gb foram impressos.

    O material, segundo apurou a CNN, tem servido de subsídio para o avanço da apuração que resultou na última quinta-feira (25) em uma operação da PF que teve como um dos alvos o ex-diretor-geral da agência e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

    Em agosto de 2023, a CGU avocou a responsabilidade de uma apuração interna aberta pela própria Abin sobre a atuação desse núcleo paralelo. Desde então, passou a colaborar com as investigações da PF, sob o comando do Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do caso na Corte é o ministro Alexandre de Moraes.

    Além de recuperar o montante de documentos, a CGU também conseguiu identificar a atuação de ao menos 15 pessoas na produção de relatórios ilegais. Entre eles, estão os seis policiais federais requisitados por Ramagem e que foram alvo da operação da PF desta quinta.

    De acordo com a CGU, o que se encontrou foi “uma verdadeira Abin paralela a serviço do então diretor”, em referência a Ramagem.

    Entre os documentos impressos, a CGU encontrou um resumo do currículo da promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que coordenava a força-tarefa que investiga as mortes da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, Simone Sibilio.

    Na decisão em que autorizou a operação da Polícia Federal desta quinta, Moraes afirma que, durante a investigação, “ficou patente a instrumentalização da Abin para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava Anderson Gomes”.

    O ministro diz ainda que os documentos produzidos sobre Sibilio tinham “a mesma identidade visual dos apócrifos elaborados pela estrutura paralela da Abin”.

    Neste trecho do relatório da PF encaminhado ao Supremo, os investigadores afirmam que a “estrutura paralela infiltrada na Abin, sob a gestão de Alexandre Ramagem, estava a serviço, na verdade, do extrato político nacional”.

    Durante a apuração, a CGU conseguiu identificar que todos os documentos que foram impressos geraram um “log”, ou seja, um registro no sistema da Abin. Por meio desses acessos, foi possível descobrir quais pessoas acessaram e imprimiram os materiais.

    A partir disso, a CGU também identificou a produção de uma série de relatórios, sem as marcas oficiais da Abin, sobre pessoas que não tinham qualquer relação com as atribuições da agência ou que não eram alvos de trabalhos em curso.

    Em nota, a Abin afirma que há 10 meses a atual gestão do órgão vem colaborando com os inquéritos da Polícia Federal e do Supremo sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021.

    “A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, diz o texto.

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