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    Raquel Landim: A investida de Lula para emplacar Mantega na Vale

    A pedido de Lula, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para os maiores acionistas da Vale e solicitou a eles que nomeiem Mantega como presidente da mineradora

    Raquel Landim

    Gostaria de propor um exercício. Vamos esquecer que Guido Mantega é o autor da nova matriz econômica. Vamos esquecer que ele engendrou uma das piores recessões do país. Vamos esquecer que ele não tem nenhuma experiência em gestão de empresas que o qualifique para ser CEO da Vale com remuneração mensal de R$ 4,9 milhões.

    Proponho focar apenas na tentativa de intervenção do presidente Lula numa das maiores mineradoras privadas do mundo.

    A pedido de Lula, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para os maiores acionistas da Vale e solicitou a eles que nomeiem Mantega como presidente da mineradora.

    Segundo fontes ouvidas pela CNN, Silveira vem sugerindo que o governo pode ficar insatisfeito se Mantega não for contemplado e castigar a Vale cobrando mais em concessões de ferrovias. Se realmente ocorreu, tem nome: chantagem.

    O governo Lula, que vem atuando para desmontar a governança da Petrobras e reverter a privatização da Eletrobras, parece não ter se conformado nem com a venda da Vale. Só que já faz 27 anos. A Vale foi privatizada em 1997.

    Nas redes sociais, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o governo tem “participação” e “responsabilidades” na Vale. Não tem. Quem tem 8,6% de participação é a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

    Um dos acionistas da Vale me disse que Lula está pressionando por uma posição para Mantega (a presidência da empresa) a fim de conseguir outra (uma vaga no Conselho de Administração). O salário de conselheiro é menor, mas ainda polpudo: 112 mil reais por mês. Só que para conceder à Mantega esse afago, tem de implodir a governança da Previ.

    Desde os escândalos de corrupção revelados pela Operação Greenfield, os fundos de pensão têm regras e seleção para conselheiros. E isso é importante porque são eles que cuidam do dinheiro investido pelos aposentados – e não pelo governo de plantão – nessas empresas.

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