Último pedido de Virgil Abloh foi manter o desfile desta terça-feira (30)
Saiba quem foi o designer - e também artista, arquiteto e engenheiro civil - que incentivou a inclusão racial nas esferas mais fechadas da sociedade com inovação e muito streetwear
Esse foi o último pedido de Virgil Abloh e de sua esposa Shannon: que o desfile programado para esta terça-feira (30) em Miami fosse mantido. Abloh, diretor artístico da linha masculina da Louis Vuitton, perdeu no domingo (28) a batalha contra o câncer após longos anos de silêncio.
A apresentação, que acontecerá às 17h30 (hora local), marcará o final de uma era de inovação, diversidade e inclusão na moda por um dos maiores nomes da cena mundial. Em um teaser postado no Instagram da maison francesa intitulado “Virgil Was There”, um adolescente negro anda de bicicleta antes de subir em um balão com o logotipo da grife.
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Nascido em Rockford, Illinois, em 30 de setembro de 1980, Virgil não gostava de códigos e de padronizações. Antes de entrar para a Vuitton, fundou sua própria label, a Off-White, em 2013, com um certo sucesso. Cinco anos depois, é notado pela grife francesa e é convidado para assumir o cargo de diretor artístico.
Sua releitura do streetwear masculino para a marca centenária foi livre e despida de ideias pré-estabelecidas e um dos maiores sucessos da grife.
Suas maiores referências, personagens da cultura negra como James Baldwin e Lupe Fiasco, amigos próximos como Kanye West e Jay-Z, além de inúmeras colaborações com marcas como Moncler, Nike, Byredo, Ikea, Umbro, Ssense, Evian, Levi’s Made & Crafted, o consagraram como um gênio de seu tempo.
Mas o que Virgil significou para a moda, além de aumentar significativamente os números de vendas da maison francesa?
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O estilista mantinha um forte discurso de afirmação das culturas africanas, incentivando a inclusão racial nas esferas mais fechadas da sociedade. Como ele gostava de dizer: “Tudo o que faço, faço pela versão de mim aos 17 anos, acreditando profundamente no poder da arte para inspirar as gerações futuras”.
Sua coleção Outono Inverno 2021/22 para a Vuitton foi uma performance antirracista e anti-homofóbica liderada por rappers americanos. “A moda é uma ferramenta para moldar essas identidades (…) Inconscientemente, confiamos em uma figura de terno e ficamos desconfiados ao ver o contorno de um moletom com capuz”, declarou à época.
Multidisciplinar – ele foi designer, artista, arquiteto e engenheiro civil – abriu portas para novas possibilidades, transformando coleções de luxo em objetos de desejo e interesse das novas gerações. Seu streetwear ganhava mensagens engajadas e inclusivas, mesmo que encapadas com os códigos de luxo da grife francesa.
“Estamos chocados com essa notícia terrível. Virgil não era apenas um designer gênio, um visionário, ele também era um homem com uma bela alma e grande sabedoria. A família LVMH junta-se à mim neste momento de grande tristeza, e todos nós pensamos nos seus entes queridos após o falecimento do marido, do pai, do irmão ou do amigo”, declarou Bernard Arnault, presidente e diretor-geral da Louis Vuitton.
Virgil nos deixa, mas seu legado de inovação e de novas possibilidades no circulo fechado do luxo é eterno.