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    Após 4 décadas, fim do Gol e do Uno encerra ciclo dos ‘carros populares’

    Fiat Uno e Volkswagen Gol são os últimos "carros populares", segmento que já respondeu por 70% das vendas no país

    Cleide Silva, do Estadão Conteúdo

    Após quatro décadas de mercado, dois dos automóveis mais vendidos no país, responsáveis pela introdução de novas tecnologias e com legiões de fãs, vão deixar de ser produzidos.

    Os ícones Fiat Uno e Volkswagen Gol são os últimos “carros populares”, segmento que já respondeu por 70% das vendas no país.

    Hoje classificados como “carros de entrada”, que são os mais baratos de cada marca, já não têm preços tão atrativos. Tecnologicamente defasados, não têm condições de receber melhorias em segurança e eficiência energética.

    No próximo ano, a legislação estabelece índice menor de emissões para os novos carros. Em 2024, todos terão de ter controle de estabilidade, importante item de segurança.

    Por igual razão a Volkswagen aposentou a Kombi em 2013, aos 56 anos. O Gol, hoje com 41 anos, ainda é o mais vendido da marca (empatado com o T-Cross), mas não tem a mesma representatividade que tinha nos 27 anos em que foi líder de mercado, de 1987 a 2014.

    Com 51 mil unidades vendidas neste ano – 67% para frotistas – a aposentadoria do Gol deve ocorrer em 2022. Já o Uno deve sair de linha ainda este ano. Ele vendeu 19,3 mil unidades – 97% para frotistas.

    Geração

    “O Gol marcou uma época e era o sonho de consumo de muitas pessoas, principalmente as versões esportivas”, diz Fernando Almeida, de 52 anos, funcionário de uma empresa de cabos elétricos em Curitiba (PR).

    Aos 18 anos, o maior fascínio do então office-boy era o Gol GT e, depois, o GTI, primeiro carro brasileiro com injeção eletrônica.

    Sem dinheiro para comprar o que na época era carro de luxo, Almeida só realizou o sonho em 2004 quando, já estabilizado financeiramente, passou a adquirir versões antigas do Gol da primeira geração e hoje tem uma coleção de 25 exemplares.

    Quando o Gol foi lançado, em 1980, havia poucas marcas no país; hoje há várias “e os modelos são muito parecidos, o que diminui a sedução que tinha na época”, diz Almeida.

    Projetado e desenvolvido no país, é o modelo de maior produção da Volkswagen na região, com 8,6 milhões de unidades. Teve diferentes versões, da primeira “quadrada” até a atual, derivada do “bolinha”, de 1994. Foi o primeiro carro com injeção eletrônica no país e o primeiro com motor flex.

    Segundo o CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si, o novo carro de entrada da marca será o Polo Track, que chegará em 2023, versão mais despojada do Polo. O Gol mais barato custa R$ 67,8 mil e o Track custará mais de R$ 70 mil.

    Di Si admite que o desafio será posicionar a imagem da marca diante de pessoas acostumadas a buscar um carro popular. “Vamos ter de aprender a lidar com isso e a explicar de forma clara que mudanças são necessárias, pois garantem maior segurança ao condutor.”

    Popular

    O Uno também é o mais vendido da Fiat e teve 4,3 milhões de unidades produzidas. Seu substituto já está no mercado – o Mobi, que vendeu 62 mil unidades neste ano.

    “O Uno é responsável pela motorização de muitos brasileiros”, diz Cássio Pagliarini, da Bright Consulting. Para ele, os dois ícones devem ser os últimos de grande longevidade. Os novos veículos já não ficam tanto tempo no mercado.

    Sem Uno e Gol, vão sobrar dois modelos de carros de entrada, o Mobi e o Renault Kwid. O que vem pela frente são veículos mais sofisticados e mais caros.

    “Não dá mais para imaginar carros tão simples; os modelos de hoje têm muito mais tecnologia”, diz Luiz Carlos Moraes, da Anfavea (associação das montadoras).

    Outros carros que estão de saída são Fit, Civic, Siena, Doblò, Voyage, Saveiro, Joy, Sandero e Logan.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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