Câncer de testículo: conheça os sintomas, diagnóstico e tratamento
Doença atinge principalmente homens em idade reprodutiva, entre 20 e 40 anos de idade
O câncer de testículo equivale a cerca de 5% dos casos de tumores entre homens. A doença atinge principalmente indivíduos em idade reprodutiva, especialmente entre 20 e 40 anos de idade, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A campanha Novembro Azul promove a conscientização para os cuidados integrais da saúde do homem. A atenção aos sinais de alteração do testículo, como a presença de nódulos (caroços) ou o crescimento anormal da glândula, pode levar ao diagnóstico precoce do tumor.
Fatores de risco
Os fatores de risco associados ao câncer de testículo incluem o histórico familiar da doença, principalmente parentes de primeiro grau, como pai ou irmãos. Pacientes que tiveram tumor anteriormente no outro testículo têm mais chances de desenvolver a doença.
Homens acometidos por uma condição chamada criptorquidia, que é quando um ou os dois testículos não descem para a bolsa escrotal, também apresentam risco aumentado para a doença.
Doença tem rápida evolução
O câncer de testículo tem um perfil agressivo, com uma rápida capacidade de evolução devido ao alto índice de duplicação das células tumorais. O diagnóstico precoce reduz as chances de metástase, que consiste no espalhamento da doença para outras partes do organismo.
O sinal mais comum da doença é o surgimento de um nódulo (caroço) duro, geralmente indolor. Outras alterações nos testículos podem indicar a presença do tumor, como aumento ou diminuição no tamanho do glândula ou endurecimento da glândula.
Os pacientes também podem apresentar dor sem motivo aparente na parte baixa do abdômen, sangue na urina e aumento ou sensibilidade dos mamilos.
Atenção ao próprio corpo
O professor de português Pedro Henrique Rocha, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, percebeu sinais de nódulos no testículo esquerdo aos 19 anos. Os sintomas foram acompanhados do aumento e endurecimento da glândula e do crescimento anormal das mamas.
Diante do quadro, Pedro decidiu pesquisar os sintomas na internet. Quando chegou para a consulta em meados de 2014, ele já imaginava qual seria o diagnóstico: câncer do testículo.
“Nunca foi algo comum ter aquela rotina de ir ao médico, sempre ia quando sentia algo ou percebia alguma coisa diferente comigo. Sempre fui uma pessoa muito saudável e nunca tive problemas sérios de saúde, ia ao médico às vezes para fazer algum exame para ver se estava tudo bem”, conta.
Pedro conta que o diagnóstico, apesar de preocupante, não foi tão impactante por ter lido bastante sobre o assunto. “A única situação que me desestabilizou foi quando eu descobri que tinha lesão do abdômen, eu fiquei muito abalado nesse momento porque estava esperando um tipo de tratamento e acabou sendo outra coisa”, afirma.
Os tumores eram do tipo carcinoma embrionário, um dos mais comuns do câncer de testículo, que tendem a crescer e se espalhar rapidamente. Em setembro de 2014, Pedro foi submetido à cirurgia para a retirada do testículo no Hospital Federal de Ipanema, no Rio de Janeiro.
“Comecei o tratamento no dia 10 de novembro de 2014. Foram três ciclos de quimioterapia, tendo cada um deles a duração de cinco dias, de segunda a sexta. Entre um ciclo e outro, havia uma folga de quinze dias, em que eu fazia apenas uma sessão por semana”, disse.
Após o término do tratamento, que durou dois meses, Pedro deu início à rotina de acompanhamento periódico com o médico oncologista. As consultas regulares aconteciam a cada três meses, e o espaçamento foi sendo ampliado progressivamente ao longo dos anos.
Em setembro de 2021, o professor recebeu alta pelos médicos do Hospital Federal de Ipanema, sendo declarado curado do câncer pela equipe.
“O brasileiro em geral tem uma cultura de só procurar médico quando a situação é séria, principalmente se pensarmos em homens, que têm muita vergonha e muito tabu de ir ao médico, ainda mais quando se trata de regiões mais íntimas como o pênis e a próstata. É muito importante estar atento às mudanças no corpo para buscar rapidamente o atendimento caso algo esteja errado”, alerta.
Diagnóstico do câncer de testículo
Para detectar o câncer precocemente, os homens devem fazer um autoexame dos testículos periodicamente. “O ato de palpar o testículo a partir dos 20 anos de idade e, a qualquer sinal de algum caroço, procurar um médico é a nossa maior estratégia para a detecção precoce”, disse o médico Franz Campos, chefe da Seção de Urologia do Inca.
Alterações em marcadores como alfa-fetoproteína (AFP), beta HCG e lactato desidrogenase (LDH), identificados por exames de sangue, também podem indicar a presença do câncer de testículo.
O diagnóstico é realizado a partir da combinação entre a avaliação clínica, exames de sangue e de imagem como a ultrassonografia e a ressonância magnética da bolsa escrotal.
“Os exames de imagem permitem a observação do nódulo, normalmente bem vascularizado. O câncer tem essa característica de se alimentar de novos vasos, o que faz com que o crescimento seja bem exacerbado”, explica Campos.
A confirmação do diagnóstico pode ser feita durante a cirurgia, pelo médico patologista. No mesmo procedimento, é realizada a retirada do testículo afetado e inserida uma prótese de silicone com o objetivo de manter o mesmo aspecto estético da glândula.
A retirada do testículo não prejudica a função sexual do paciente. A capacidade reprodutiva também é mantida, desde que o outro testículo esteja saudável.
Como é feito o tratamento do câncer de testículo
O tratamento varia de acordo com o caso e pode ser realizado por quimioterapia, radioterapia ou acompanhamento clínico. A escolha depende de investigação, que avalia a presença ou a possibilidade de disseminação da doença para outros órgãos.
Após a retirada do testículo, os pacientes são submetidos a uma análise chamada tecnicamente de estadiamento, que investiga a presença da doença em outras partes do corpo.
Na situação de metástase, o câncer de testículo pode atingir a região do abdômen, os pulmões e o cérebro. Por isso, os médicos realizam exames de tomografia do abdômen e do tórax e, eventualmente, do crânio.
“Nessa tomografia, se forem identificados nódulos no abdômen ou nos pulmões, damos início à quimioterapia. A primeira fase do tratamento utiliza uma medicação chamada platino. A resposta à quimioterapia, se houver pouca doença no abdômen e no tórax é acima de 90%”, explica Campos.
Em casos mais graves, que não respondem completamente ao tratamento quimioterápico, os pacientes são submetidos a uma cirurgia para ressecamento dos tumores restantes.