“Fechar aeroporto não resolve entrada de novas cepas”, diz epidemiologista
Em entrevista à CNN, a ex-coordenadora do PNI Carla Domingues diz que ampliar vacinação é chave para evitar nova onda de casos da Covid-19
Ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), a epidemiologista Carla Domingues afirmou em entrevista à CNN nesta segunda-feira (29) que o fechamento de fronteiras não é uma forma eficaz de combate à cepa Ômicron, descoberta na semana passada no sul da África e que foi classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a médica, a decisão de proibir voos com origem ou passagem por seis países africanos não impede os “ciclos da pandemia”. “Fechar os aeroportos não vai resolver a entrada de novas cepas nos países. O que precisamos garantir é a vacinação. Essa é a grande chave para evitar a disseminação da doença. Caso contrário, vamos continuar vivendo estes ciclos.”
“Enquanto não tivermos vacinação equitativa e homogênea no mundo, não adianta ter elevada cobertura vacinal em um grupo e termos um continente como a África com 10% de cobertura, porque, se não, vamos dar condições para novas cepas circularem, cepas que as vacinas não funcionam”, completou.
Para a epidemiologista, é importante que países mais ricos e com maior avanço na cobertura vacinal ajudem nações com dificuldades. Segundo a OMS, apenas 0,6% das doses de todo o mundo foram destinadas a países de baixa renda, principalmente na África.
Diante da ameaça da nova variante, Domingues afirmou que o momento é de alerta e que medidas de prevenção devem ser prolongadas.
“Não faz sentido estarmos falando de aglomeração em grandes eventos quando podemos ter o risco de ter uma disseminação importante dessa cepa no nosso país. É preciso voltar a usar máscara, ter o controle do distanciamento social, porque essas são medidas eficazes para evitar a disseminação da doença.”
Na manhã desta segunda (29), o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), anunciou o cancelamento da festa de Réveillon na capital baiana, alegando falta de segurança sanitária.