8 debates imperdíveis na Festa Literária Internacional de Paraty 2021
A Flip começa neste sábado (27) em edição virtual. Confira os destaques da programação do evento online e gratuito, que segue até 5 de dezembro
A 19ª Festa Literária Internacional de Paraty, que começa neste final de semana e segue até o dia 5 de dezembro, terá uma intensa e diversificada programação virtual com grandes escritores e intelectuais do Brasil e do mundo discutindo a relação entre literatura e o meio-ambiente.
De Margaret Atwood a Itamar Vieira Junior, CNN fez uma seleção dos destaques desta edição.
27/11 às 16h
Mesa de Abertura: Nhe’éry Jerá
Com Carlos Papá
Para marcar o início da Flip 2021, que celebra os saberes indígenas e debate outras possibilidades de relação com a natureza, o cineasta e líder indígena Carlos Papá conduzirá uma cerimônia junto a representantes do povo Guarani na região de Paraty.
Com rezas e cantos, eles abrirão caminhos para a entrada do evento literário no território simbólico da Praça da Matriz, onde havia uma aldeia indígena antes da fundação da cidade. A cerimônia também é uma oportunidade imprescindível de conexão e compreensão do termo Guarani Nhe’éry, que norteou o desenvolvimento de toda a programação da Flip.
A denominação é usada como referência à Mata Atlântica e seus múltiplos universos, e indica ainda o lugar “onde as almas se banham. A palavra “Jerá”, que acompanha o termo no título da mesa, quer dizer desabrochar.
27/11 às 18h
Mesa 2: Literatura e Plantas
Com Stefano Mancuso e Evando Nascimento
Mediação de Prisca Agustoni
O botânico e neurobiólogo italiano Stefano Mancuso, autor de “A revolução das plantas” e “A planta do mundo”, é referência incontornável na perspectiva da “virada vegetal”, abordagem que estuda e reconhece nas plantas uma inteligência e sensibilidade próprias, situando-as como mais que alimentos ou itens ornamentais.
Ele conversa com o ensaísta e escritor Evando Nascimento, pioneiro no estudo da relação entre texto literário e universo vegetal e também um dos curadores da Flip. No livro “O pensamento vegetal: a literatura e as plantas”, Nascimento dialoga com Mancuso, com filósofos como Jacques Derrida e Emanuele Coccia, e ainda celebra nomes da literatura moderna e contemporânea, como Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Leonardo Fróes e Ana Martins Marques. O debate será mediado pela poeta, tradutora e professora Prisca Agustoni.
29/11 às 20h
Mesa 6: Árvores e Escrita
Com Paulina Chiziane e Itamar Vieira Jr.
Mediação de Ligia Ferreira
Vencedora do Prêmio Camões de Literatura 2021, Paulina Chiziane é considerada uma das mais importantes escritoras de língua portuguesa da atualidade. Em seus livros, explora o tema da emancipação feminina em Moçambique, país onde nasceu.
Seu livro de estreia, “Balada de amor ao vento” (1990), foi o primeiro romance escrito por uma mulher moçambicana a ser publicado no país. A escritora de 66 anos, que diz ter aprendido a escrever embaixo de uma árvore, conversa com o baiano Itamar Vieira Junior, autor de “Torto Arado” (2019), vencedor do Jabuti 2020 e obra de sucesso internacional.
Cada um a seu modo, ambos escrevem sobre a violência de sociedades marcadas estruturalmente pelo colonialismo e abordam a memória das plantas nesses cenários de contradição. A mesa terá mediação de Ligia Ferreira, pesquisadora e professora do programa de pós-graduação em Letras da Unifesp.
01/12 às 20h
Mesa 10: Utopia e Distopia
Com Margaret Atwood e Antonio Nobre
Mediação de Anabela Mota Ribeiro
A escritora canadense Margaret Atwood, autora de “O Conto da Aia”, criou o termo “ustopia”, uma combinação entre utopia e distopia, definições que dão conta da “sociedade perfeita imaginada e seu oposto – porque, a meu ver, cada uma contém uma versão latente da outra”.
Nesta mesa, Atwood debate formas de diferenciar o distópico do utópico com o cientista Antonio Nobre, responsável por alguns dos principais estudos sobre as ameaças contra as florestas brasileiras.
Como a imaginação literária e os ensinamentos das plantas podem nos ajudar a escapar da distopia? A conversa será mediada pela escritora, jornalista e programadora cultural Anabela Mota Ribeiro.
04/12 às 18h
Mesa 16: Em busca do jardim
Com Alice Walker e Conceição Evaristo
Mediação de Djamila Ribeiro
Talvez uma das mesas mais esperadas da Flip 2021, o encontro entre a escritora norte-americana Alice Walker e a mineira Conceição Evaristo se dará em torno dos temas literatura, política e jardins.
Uma das mais influentes escritoras da literatura brasileira contemporânea, Conceição Evaristo passou o período da pandemia reclusa em um sítio onde pôde acompanhar o lento crescimento das plantas.
No livro “Em busca dos jardins de nossas mães: Prosa mulherista”, Alice Walker relembra o cultivo cuidadoso das flores por sua mãe em um percurso de reflexão sobre cultura negra, identidade e lutas pessoais. Quem mediará a conversa é a filósofa e escritora Djamila Ribeiro.
05/12 às 16h
Mesa 18: Metamorfoses
Com Emanuele Coccia e Adriana Calcanhotto
Mediação de Cecilia Cavalieri
Nos livros “A vida das plantas e Metamorfoses”, o filósofo italiano Emanuele Coccia, também forte referência no conceito de “virada vegetal”, explora a inteligência e a sensibilidade das plantas, relacionando a sobrevivência de humanos e animais com a existência e funcionamento do reino vegetal.
Neste encontro, ele dialoga conversa com a cantora e compositora Adriana Calcanhotto, criadora do espetáculo “A Mulher do Pau-Brasil”, resultado de sua residência artística na Universidade de Coimbra.
O concerto apresenta a ideia da transformação da vida em vida, em pleno diálogo com a inteligência das florestas. O bate-papo terá mediação de Cecilia Cavalieri, artista visual e pesquisadora.
05/12 às 18h
Mesa 19: Cartografias para adiar o fim do mundo
Com Ailton Krenak e Muniz Sodré
Mediação de Vagner Amaro
A última mesa da Flip 2021 é também um encontro inédito e histórico: o sociólogo, professor e ensaísta Muniz Sodré conversa com o líder indígena e também escritor Ailton Krenak.
Sodré, em ampla e diversa produção científica e literária, estrutura sua crítica em relação a dilemas sociais, econômicos e políticos da contemporaneidade resgatando a tradição do pensamento afro-brasileiro e defendendo formas “essenciais e não violentas de vida”.
Krenak, autor de “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é útil”, vê saídas para tais dilemas através da conexão com os saberes dos povos originários. Os dois procuram traçar caminhos para enfrentar os desafios cada vez mais complexos do Brasil e do mundo. A mesa será mediada por Vagner Amaro, editor e fundador da Malê, especializada em literatura brasileira.