Esquerda evita falar sobre ditaduras de esquerda, diz cientista política
Lula minimizou a ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua, e comparou o tempo em que o ditador e chanceler alemã Angela Merkel estão no poder
Em entrevista ao jornal El País, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua. Na fala, ele comparou o tempo em que o ditador e a chanceler alemã Angela Merkel estão no poder, mas afirmou que Ortega errou se mandou prender opositores.
À CNN, a jornalista e cientista política Deysi Cioccari disse que a declaração de Lula pode ser definida como um “show de horrores”. Segundo ela, a Nicarágua “não é uma democracia e não é nem digno de comparação com Merkel”.
No último dia 7, Ortega se reelegeu para o quarto mandato consecutivo, onde teve 75% dos votos. A comunidade internacional e críticos vêm chamando o governo de uma ditadura – ele rebate, dizendo que seu governo é do povo e que se defende dos ataques americanos. Durante as eleições, 7 pré-candidatos foram detidos – e, no total, o governo já prendeu 41 opositores.
Cioccari afirmou, também, que a fala do ex-presidente beneficia candidatos da terceira via que possam surgir. “É um desserviço histórico e acaba pontuando a favor de outros candidatos que possam vir”, e acresentou, “se o atual mandatário faz uma organização desordeira, Lula colocou mais lenha na fogueira”.
“A gente tem visto nos últimos anos a democracia ser atacada”, e, para ela, isso resulta em acirrar, ainda mais, a polarização nacional.
A cientista política conclui dizendo que a “esquerda evita falar sobre ditaduras de esquerda” e avalia que o “PT flerta, de tempos em tempos, com instintos autoritários”.