Polícia não apreendeu armas em mangue onde 8 corpos foram encontrados, no Rio
Registro de ocorrência mostra, no entanto, que foram encontrados, na região do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, 41 estojos de munição de calibres variados, inclusive de fuzil
Nenhuma arma de fogo foi localizada no mangue de onde oito corpos foram retirados nesta segunda-feira (22) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. A informação está no registro de ocorrência feito pela Polícia Civil na 72ª Delegacia de Polícia. O documento foi obtido pela CNN.
A Polícia Civil já identificou todas as pessoas que foram encontradas sem vida no local. Ao todo, além dos mortos encontrados no mangue, um outro corpo foi encontrado no sábado (20), durante o confronto, e um policial militar morreu em uma emboscada, no mesmo dia.
O registro de ocorrência desta segunda-feira informa que foram encontrados 41 estojos de munição de calibres variados, inclusive de fuzil. Um cartucho intacto de munição também foi encontrado no mangue. O documento também deixa claro que a solicitação para resgate dos corpos só veio na segunda-feira (22), mais de um dia após a ação policial terminar com mortes.
A polícia não encontrou testemunhas das mortes ou câmeras de segurança que possam ajudar a elucidar o caso. Promotores do Ministério Público e delegados acompanharam o momento em que os familiares retiravam os corpos do mangue.
Um dia antes do resgate dos corpos, no domingo (21), a Polícia Militar do Rio informou que apreendeu duas pistolas, 14 munições de pistola, 56 munições de fuzil, cinco carregadores e drogas.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá investiga o caso e já requisitou acesso à lista de nomes com todos os policiais que participaram dos confrontos no Salgueiro desde o sábado (20).
Fontes ouvidas pela CNN consideram o Complexo do Salgueiro um dos principais entrepostos do tráfico de drogas e de armas de uma das maiores facções criminosas do Rio de Janeiro. O local é considerado estratégico pelos criminosos fora da capital fluminense e é área de difícil acesso para entrada de policiais.
À CNN, o procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Rodrigo Mondego, defendeu que sejam feitas novas buscas no mangue onde os corpos foram encontrados, com o auxílio de equipes especializadas do Corpo do Bombeiros.
A CNN voltou a procurar a Polícia Militar e aguarda retorno. Em nota, a Polícia Civil informou que enviou um ofício à Polícia Militar solicitando os nomes dos agentes que participaram da ação e apreensão das armas dos PMs para exames periciais. “Cinco dos nove mortos tinham antecedentes ou anotações criminais. Os agentes estão ouvindo depoimentos e novas testemunhas serão ouvidas no decorrer da investigação.”