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    Quatro homens negros são absolvidos 70 anos depois de serem presos por estupro

    O caso, conhecido como 'Os Quatro de Groveland', condenou erroneamente quatro homens por um estupro em 1949

    Sara Weisfeldtda CNN

    As famílias dos “Quatro de Groveland” tiveram uma conclusão na segunda-feira (22), depois que a Flórida liberou oficialmente quatro jovens negros acusados ​​injustamente de estuprar uma garota branca de 17 anos em 1949.

    A juíza do tribunal de comarca Heidi Davis em Lake County, Flórida, nos Estados Unidos, concedeu a moção do estado para rejeitar postumamente as acusações contra Ernest Thomas e Samuel Shepherd e anulou as condenações de Charles Greenlee e Walter Irvin, no caso conhecido como “Os Quatro de Groveland”.

    “Eu não odiaria, mas vou amar e abraçar todos aqueles que não sabiam na época que meu pai era uma pessoa carinhosa, amorosa e compassiva que não estuprou ninguém. Estou aqui hoje para dizer obrigado”, disse uma emocionada Carol Greenlee, filha de Charles Greenlee, em frente às câmeras em uma coletiva de imprensa na manhã de segunda-feira após a audiência no tribunal.

    Em 1949, Greenlee, Irvin, Shepherd e Thomas foram acusados ​​de agredir sexualmente Norma Padgett em Groveland, Flórida, cerca de 48 quilômetros a Oeste de Orlando. O grupo passou a ser chamado de “Os Quatro de Groveland”. O caso foi considerado um dos maiores erros judiciários na Flórida da era Jim Crow.

    Havia dúvidas sobre o testemunho de Padgett desde o início, mas na era de Jim Crow, um júri condenou os homens sem evidências de um crime.

    “Há 72 anos as famílias vivem com isso e passam pela jornada que esperava pelo dia de hoje”, disse Bill Gladson, o procurador do estado, após a audiência de segunda-feira. Gladson, um republicano, agiu no mês passado para que os homens fossem oficialmente exonerados. Nenhum dos homens ainda está vivo.

    Gladson disse que o estado buscou justiça assim que percebeu que havia novas evidências.

    “Uma vez que encontramos essa evidência, e ela revelou o que foi revelado, isso resultou na moção que foi vista hoje”, disse ele.

    O senador estadual Randolph Bracy, um democrata, disse que embora a exoneração não “conserte a injustiça racial que é tão difundida em nosso sistema de justiça criminal”, a moção deu à família um encerramento e oferece esperança.

    “Acredito que acertar as contas com o passado e corrigir a injustiça grosseira nos colocou no caminho para a criação de um sistema judicial mais justo e mais igualitário”, disse ele.

    Em 2019, o governador Ron DeSantis concedeu perdões póstumas completos aos homens.

    “Por setenta anos, esses quatro homens tiveram sua história escrita erroneamente por crimes que não cometeram. Como eu disse antes, embora seja muito tempo para esperar, nunca é tarde para fazer a coisa certa”, disse DeSantis em um comunicado na época.

    Filha de Charles Greenlee reage ao momento em que a juíza derruba as acusações contra os quatro homens / Phelan M. Ebenhack/Orlando Sentinel/Tribune News Service via Getty Images

    “Acredito que o Estado de Direito é o vínculo sagrado da sociedade. Quando é pisoteado, todos sofremos. Para os Quatro de Groveland, a verdade foi enterrada. Os perpetradores comemoraram, mas a justiça clamou desde aquele dia até hoje. ”

    A câmara da Flórida emitiu um pedido de desculpas póstumo aos Quatro de Groveland em abril de 2017.

    “Como estado, sentimos muito”, disse o deputado Chris Sprowls às famílias dos homens, depois que os legisladores votaram unanimemente para exonerá-los.

    “As memórias não podem ser apagadas, a dor que eles sofreram não pode ser consertada, mas hoje temos a oportunidade de encerrar essa história para as famílias na forma de um pedido de desculpas”, disse o representante Bobby DuBose, que patrocinou o projeto de lei que pediu seu perdão.

    Um capítulo de injustiça com décadas de duração finalmente encerrado

    Padgett afirmou que na noite de 16 de julho de 1949, seu carro quebrou em Groveland. Ela disse que os quatro homens pararam e a estupraram. Os homens foram presos. Três deles foram torturados até que a polícia conseguiu arrancar uma confissão de dois deles. Thomas, que conseguiu escapar da custódia, foi morto após uma caça ao homem. Greenlee foi condenado à prisão perpétua.

    Shepherd e Irvin receberam a pena de morte. Ao ser transportado da prisão do condado para um novo julgamento, o xerife atirou em ambos e alegou legítima defesa. Shepherd morreu no local e Irvin sobreviveu fingindo-se de morto. Sua sentença foi posteriormente comutada para prisão perpétua.

    Gilbert King escreveu sobre o caso em seu livro vencedor do Prêmio Pulitzer, “Devil in the Grove: Thurgood Marshall, the Groveland Boys and the Dawn of a New America” (Demônio no Arvoredo: Thurgood Marshall, os meninos de Groveland e o nascimento de uma nova América, em tradução livre).

    “Precisamos de coragem”, disse Aaron Newson, sobrinho de Ernst Thomas, lutando contra as lágrimas na frente das câmeras hoje, após a audiência no tribunal. “Muitas famílias não tiveram essa oportunidade, talvez consigam. Talvez seja o começo de algo bom. Espero que sim. Este país precisa se unir.”

    Texto traduzido. Leia o original em inglês.

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