Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    ONS estima até três anos para que os reservatórios voltem aos níveis ideais

    Órgão acredita que até abril de 2022 será possível dobrar o nível de armazenamento dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste

    Iuri CorsiniStéfano Sallesda CNN , no Rio de Janeiro

    Apesar da melhora no cenário hídrico do país, com o início do período chuvoso e recuperação gradual dos níveis dos reservatórios, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou, a pedido da CNN, que levará até três anos para que estes reservatórios voltem a alcançar os níveis considerados ideais de armazenamento. O órgão, no entanto, não informou qual seria a capacidade ideal, justificando que esse número varia entre os reservatórios.

    Apesar disso, o órgão prevê que até abril do ano que vem, em um cenário otimista, será possível dobrar o nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% da geração de energia do Brasil.

    Esse cenário otimista em relação aos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste ocorrerá caso sejam confirmadas as boas perspectivas de chuva ao longo do período úmido no país, que costuma ocorrer entre outubro e março. O ONS, porém, destaca que o cenário é ainda de atenção e que as projeções estão sujeitas a mudanças de acordo com o índice de chuvas para os próximos meses.

    Ex-diretor do ONS por oito anos e integrante do Instituto Clima e Sociedade (ICS), Luiz Eduardo Barata entende que, de fato, o órgão federal não trabalhe com o que classificou com um nível-meta, mas disse ser possível estabelecer um parâmetro de recomposição focado, principalmente, no nível do subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

    “O ONS pode considerar o nível dos reservatórios de maneira isolada, mas pode também considerar o de todos os reservatórios. Eu estabeleceria uma meta de 80% para os reservatórios do Sudeste. Esse seria um bom valor. Mas o mais relevante não é o nível em que se deve chegar, mas como ele deve ser alcançado”, afirma Barata.

    Atualmente, o armazenamento está em 18,81% da capacidade no subsistema. De acordo com o especialista, além das chuvas, é necessário estabelecer a estratégia para que esse nível seja alcançado, a partir da utilização de uma outra fonte energética. Atualmente, o ONS tem utilizado as usinas termelétricas, preferencialmente as movidas a gás, para esse fim.

    “A recomposição dos reservatórios em outubro e novembro foi excepcional, não há garantia nenhuma que teremos um verão generoso, como foi a primavera. Se usarmos térmicas, teremos dois problemas: elas contribuem para a emissão de gases do efeito estufa e proporcionam uma conta que não teremos condições de pagar, com a alta dos custos e da tarifa. É algo que tem que ser planejado para, no futuro, ser produzido por energias renováveis”, conclui o especialista.

    No último boletim semanal divulgado pelo operador, foi constatado que o período chuvoso neste ano aconteceu no momento mais frequente, em outubro. Diferentemente do ano passado, quando as chuvas começaram a cair para valer apenas em dezembro, o que ajudou a agravar a crise hídrica.

    No entanto, mesmo que os reservatórios atinjam níveis considerados ideais, o ONS reforçou que as térmicas não deixarão de ser acionadas, uma vez que essa é a única modalidade de geração de energia que não depende de fatores climáticos para seu funcionamento. O novo cenário, contudo, possibilitaria o uso das hidrelétricas a plena capacidade, uma vez que não haveria mais a necessidade da economia de água.

    Com a necessidade do acionamento das termelétricas em decorrência da crise hídrica, a conta de luz dos consumidores ficou mais cara, com dois aumentos na bandeira tarifária. Em no fim de setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou a bandeira de escassez hídrica, com taxa de R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatts-hora). Um aumento de 66% em relação à bandeira vermelha patamar dois, que vigorava até então (R$ 9,49).

    Embora atuem para compensar as perdas proporcionadas pela redução de geração da fonte hidráulica, as termelétricas em nenhum momento se tornaram a principal matriz energética do país. Esse posto segue liderado pela hidreletricidade.