Não houve interferência no Enem, diz Milton Ribeiro à CNN
Ministro da Educação afirmou que governo quer "que as questões sejam de cunho técnico, e não de cunho ideológico. Nem de esquerda e nem de direita"
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista à CNN nesta terça-feira (16) que “não houve interferência no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”. Segundo ele, as polêmicas sobre o exame, que será realizado nos próximos dias 21 e 28, não passam de “ruídos pré-Enem”.
“O Enem está garantido, as provas já foram impressas e encaminhadas. Não há como interferir. A ideia de que houve interferência é uma narrativa de quem quer politizar a educação. A educação não tem partido”, afirmou Ribeiro.
Na segunda-feira (15), ao comentar sobre uma crise institucional no Inep, órgão que cuida do Enem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o exame deste ano “começa a ter a cara do governo”. De acordo com o ministro, porém, Bolsonaro “nunca pediu e nem sugeriu nada”.
“O que nós queremos é que as questões sejam de cunho técnico, e não de cunho ideológico. Nem de esquerda e nem de direita. Ele [Jair Bolsonaro] nunca me pediu nada, nunca me sugeriu nada. O que ele falou, que ‘o Enem é a cara do governo’, é porque temos feito da melhor maneira possível”, contou. “O que ele [Bolsonaro] quis realmente dizer, vocês tem que perguntar para ele”, afirmou aos analistas da CNN.
O chefe do Ministério da Educação (MEC) também comentou sobre as demissões de dezenas de profissionais do Inep, nas últimas semanas, com a alegação de que havia ingerência no órgão.
De acordo com Ribeiro, as demissões só valem após publicadas no Diário Oficial, o que até agora não ocorreu. Até lá, ele garante que todos vão continuar em seus postos.
“Nenhum servidor foi demitido. Primeiro que são concursados, eles deixaram e alguns colocaram à disposição cargos em comissão. Quem quiser sair, pode sair, porque já recebi contatos de outros do Inep que têm qualificações técnicas para assumir os cargos”, disse o ministro à CNN.
“Eles só vão sair depois das provas do Enem, porque são responsáveis até agora por tudo que está acontecendo. Demos-lhes a competência de preparar as provas, então vão estar conosco até o final. Após, se resolverem reafirmar a demissão de cargos comissionados, eles podem fazer. Ninguém foi mandado embora”.
Em ofício encaminhado à diretoria do Inep, ao qual a CNN teve acesso, os servidores públicos afirmam que, “considerando a situação sistêmica do órgão e a fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep”, solicitam a dispensa do cargo em comissão ou função comissionada que ocupavam.
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Inep Enem: O aplicativo oficial do Enem traz -- além das informações sobre a prova, como local, horário e dados pessoais do estudante -- conteúdo para estudo com simulados, informações sobre os exames de anos anteriores e a possibilidade de visualizar sua nota e redação de provas anteriores (Android/iOS) • Reprodução
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Questões Enem 2021 e Provas de Vestibulares: O app traz exames de anos anteriores para simulados. Além do Enem, a plataforma aposta no estudo para vestibulares, com gabaritos e explicações (Android) • Reprodução
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Enem Game: O app visa transformar o estudo em um momento descontraído, de forma lúdica. Traz um jogo de perguntas e respostas para estimular o estudo para o Enem. São mais de 7 mil perguntas (Android/iOS) • Reprodução
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Questões Enem - aulas, simulados e provas: o app traz todas as provas de Enem desde 2009. Aposta em simulados como forma de estudo e disponibiliza temas como Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática, Inglês e Espanhol (Android/iOS) • Reprodução
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Prepara Simulado Enem 2021: O app reúne todas as provas do Enem em mais de 3.600 questões. Traz dicas para a redação, os temas abordados em anos anteriores e simulados divididos por áreas (Android) • Reprodução
“Extremamente politizado”
Ribeiro, porém, afirmou não acreditar em “nenhum tipo de coação” e classificou o grupo de servidores de “extremamente politizado”.
“A alegação de um grupo, como eu disse extremamente politizado, é um direito, estamos numa democracia. Também posso falar uma série de coisas de cada um e tenho esse direito. Eu não acredito em nenhum tipo de coação, tanto que nenhum dos nossos diretores, além dos que estavam incumbidos disso, teve acesso às provas. Se me perguntar hoje, não sei o tema da redação, e não quero saber”.
Segundo ele, as alegações de intimidação são de cunho administrativo. Ribeiro alegou que os servidores envolvidos na polêmica institucional do Inep estão “olhando para si mesmo, ao invés de olhar para a Educação”.
“A intimidação, outras acusações são administrativas, têm a ver com a gratificação, vamos tratar em outro momento. É um custo, porque além do salário, eles têm o DAS, que é um valor a mais em comissão, e agora tem um terceiro item, o custo do trabalho do serviço público, tem uma gratificação por cursos em concurso. Todos que vão além da descrição da sua função é merecedor. Esses que pediram demissão são os que mais ganharam em termos dessa gratificação”, analisou Ribeiro.
Reedição do ProUni e Fies
À CNN, o ministro da Educação afirmou ainda que o governo Bolsonaro espera reeditar os programas federais de ingresso no ensino superior no Brasil: o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior).
Mas, sem dar detalhes, Ribeiro disse que o “Brasil precisa entender que a resposta é curso técnico profissionalizante”.
“Não tenho compromisso com o erro. Hoje se você tiver um curso, um diploma de um curso superior isso não garante empregabilidade. Temos 600 mil vagas de técnicos que esão abertas. Falta mão-de-obra especializada de nível técnico. Não posso pegar um engenheiro e colocar para fazer a função de um técnico de edificações. Nós precisamos investir nos institutos federais”, disse.
“São programas interessantes [Fies e Prouni], vamos reeditá-los. Fies, Prouni, todos esses programas serão reeditados”, concluiu sem informar mais detalhes.
(*Com informações de Basilia Rodrigues, da CNN)
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No primeiro ano, em 1998, apenas duas universidades no Brasil utilizavam a nota do Enem como método de classificação para o vestibular • Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O MEC passou a conceder isenção da taxa de inscrição aos estudantes da rede pública em 2001.houve um salto no número de participantes, e no ano seguinte o Enem registrou 1.829.170 inscritos • Fábio Motta/Estadão Conteúdo
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15/01/2009: Foto de interno da Fundação CASA, em Itaquera, que faz faculdade com bolsa de estudo integral através do programa ProUni. Em 2004, o programa começou a usar a nota do Enem para concessão de bolsas de estudos integrais e parciais aos participantes • Sérgio Neves/Estadão Conteúdo
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Em 2011, a participação no Enem seria obrigatória para quem quisesse financiar seus estudos por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) • Foto: Agência Brasil
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Estudantes realizam manifestação contra a fraude no processo do Enem 2009. Os manifestantes seguiram da Câmara Municipal, na Praça da Cinelândia, até o Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação, no centro do Rio de Janeiro • Fábio Motta/Estadão Conteúdo
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Estudantes protestam contra as falhas no Enem em 2010. Alguns estudantes colocaram fogo em cartões de respostas e foram até o Palácio Capanema, sede do Ministério da Educação (MEC) • Fábio Motta/Estadão Conteúdo
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Estudantes fazem manifestação no vão livre do MASP, em São Paulo devido aos problemas ocorridos no Enem 2010. Vazamento dos dados dos candidatos foi um deles • Jonne Roriz/Estadão Conteúdo
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A correção das redações do Enem passou a ser mais rigorosa em 2013. As providências foram tomadas para que casos como inserção de receita de miojo ou hino do Palmeiras - que receberam nota acima 500 - não sejam tolerados • Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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O segundo dia de aplicação do Enem 2020 teve 55,3% de faltas, abstenção recorde no exame, segundo o Inep. A pandemia adiou a prova de 2020 para janeiro de 2021, mesmo assim, muitos alunos não se sentiram preparados ou seguros para fazer a prova • Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
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Desde 2020, o participante pode escolher entre fazer o exame impresso ou o Enem Digital, com provas aplicadas em computadores, em locais de prova definidos pelo Inep. O MEC anunciou o lançamento da modalidade em 2019 • Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Dezenas de servidores do Inep, órgão responsável pelo Enem, pediram demissão coletiva de seus cargos em resposta ao que classificam de “má gestão” do instituto, órgão ligado ao Ministério da Educação • Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil