Ministério da Agricultura descarta suspeita de vaca louca no RJ e fala em DCJ
Em um primeiro momento, a Fiocruz havia informado que se tratavam de suspeitas de Encefalopatia Espongiforme Bovina, aspectos clínicos e radiológicos apontaram as suspeitas para a DCJ
Duas infecções neurodegenerativas que a Fiocruz investiga no Rio de Janeiro são suspeitas da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), diz o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Em um primeiro momento, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) havia informado que se tratavam de suspeitas de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida popularmente como doença da vaca louca. No entanto, considerando aspectos clínicos e radiológicos, a fundação explicou em um segundo momento que as suspeitas se concentram sobre a DCJ.
Sobre a DCJ, o Mapa diz que “a doença ocorre, na maioria dos casos, de forma esporádica e tem causa e fonte infecciosas desconhecidas”. A pasta diz ainda que, “desta forma, os casos suspeitos não têm relação com consumo de carne bovina ou subprodutos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da ‘Vaca Louca’”.
Já a Fiocruz diz “que os dois pacientes internados para investigação de Encefalopatia Espongiforme Bovina (‘doença da vaca louca’) estão com suspeita da forma esporádica da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), considerando os aspectos clínicos e radiológicos”. A instituição ainda diz que “esta forma esporádica não tem relação com o consumo de carne. Reiteramos que os pacientes estão internados no Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 do INI e que ambos os casos não têm confirmação diagnóstica”.
Segundo o Mapa, “de acordo com informações disponíveis no site do Ministério da Saúde, entre os anos de 2005 e 2014, foram notificados, no Brasil, 603 casos suspeitos de DCJ. Desde que a vigilância da DCJ foi instituída no Brasil, nenhum caso da forma vDCJ foi confirmado. A vDCJ é uma variante da DCJ, associada ao consumo de carne bovina”.
Entenda a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ)
A doença de Creutzfeldt-Jakob, uma enfermidade neurodegenerativa fatal, que afeta o sistema nervoso central, causada por agentes infecciosos chamados príons. Os pacientes podem apresentar distúrbios no raciocínio, perda de memória, prejuízos na fala, falta de coordenação de movimentos musculares e tremores.
Os príons são partículas formadas por proteínas encontradas nas células do sistema nervoso dos seres humanos e de outros mamíferos. Em condições normais, a proteína príon celular (PrPc) não causa danos ao organismo. Ela exerce diversas funções fisiológicas, como a proteção dos neurônios contra a morte celular.
No entanto, por razões que ainda não são totalmente esclarecidas, essas proteínas podem apresentar erros durante a sua formação. Esses erros levam a alterações na estrutura da proteína, que se torna infecciosa e tóxica.
“Em condições de doença, a proteína passa a formar agregados que são infecciosos. Eles podem então pular de um neurônio para outro, levando-os à morte. Quando o neurônio morre, há uma perda de massa cerebral”, explicou Sérgio Ferreira, professor dos institutos de Bioquímica e Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Cerca de 85% dos casos são esporádicos, afetam geralmente pessoas entre 55 e 70 anos, com uma incidência de 1 ou 2 casos para cada 1 milhão de habitantes. Entre 10 e 15% acontecem por mutação hereditária no príon. Ocorrências também raras foram registradas em consequência de procedimentos cirúrgicos e por meio do uso de instrumentos contaminados.