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    Quais são os prós e contras do “fator Marta” para Nunes e Boulos na eleição de SP?

    Ex-prefeita mostrou força na periferia da capital na última eleição que disputou, em 2016

    Douglas Portoda CNN , São Paulo

    A saída de Marta Suplicy (sem partido) da Prefeitura de São Paulo movimentou as pré-candidaturas na eleição da capital paulista.

    Na última terça-feira (9), Marta entregou sua carta de demissão ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).

    Antes de decidirem por romper a parceria “em comum acordo”, o chefe do Executivo paulistano já havia decidido demiti-la e tinha feito uma carta de exoneração após a então secretária de Relações Internacionais ter se encontrado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    No encontro, Lula pediu para que Marta fosse vice na chapa do pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. A indicação cabia ao PT após um acordo entre os partidos feito em 2022.

    A CNN ouviu especialistas para saber quais são os efeitos para as pré-candidaturas de Nunes e Boulos da movimentação envolvendo Marta.

    Ricardo Nunes

    Ricardo Nunes e Marta Suplicy durante reunião na Prefeitura de São Paulo/ Divulgação/Prefeitura

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    • Sem Marta, diminui a rejeição da direita a seu nome

    A saída de Marta da administração de Nunes abre caminho para que a direita entre na campanha do emedebista, que negocia apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    “Se havia alguma preocupação de Nunes em não melindrar Marta, essa preocupação deixa de existir e ele pode agora se entregar a articular mais abertamente com o bolsonarismo”, explica Jairo Pimentel, pesquisador do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

    • Argumento de que a chapa do adversário usará um dos principais nomes de sua equipe

    O PT foi até a administração de Nunes e retirou um dos nomes que fazia parte do secretariado para compor sua chapa com o PSOL. Ou seja, mostrou que havia um elemento de importância para a campanha que estava no atual governo.

    Além disso, o prefeito possui a máquina estatal ao seu favor, observa o professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP), Glauco Peres.

    Segundo Pimentel, Nunes “tem obras e realizações para mostrar”. “Isso pode melhorar sua aprovação e o sentimento de que é melhor dar continuidade ao seu governo”, prossegue.

    Contra

    • Perde nome de sua equipe para o adversário

    A ex-secretária de Relações Internacionais também fará falta para o prefeito, de acordo com Peres.

    Pimentel pondera que a perda de Marta “pode passar a imagem de um prefeito ainda em construção e que ainda tem dificuldades na articulação política”, algo que em sua opinião é importante para um cargo do Executivo, “sobretudo numa cidade politicamente complexa como São Paulo”.

    • Perde nome para atrair eleitorado da periferia

    O pesquisador da FGV diz que Nunes “tinha que ter feito mundos e fundos para manter Marta”, por sua relevância nos extremos da cidade.

    A ex-prefeita, na última vez que disputou a prefeitura, em 2016, teve bom desempenho na periferia, vencendo em dois distritos da zona sul: Grajaú e Parelheiros.

    “Ela continua sendo um player importante na disputa em São Paulo, mesmo tendo deixado de ser prefeita há quase 20 anos”, diz Pimentel.

    Caso Marta apoiasse formalmente a candidatura de Nunes, “poderia ser ruim mesmo para Boulos”, cita o professor da USP.

    Guilherme Boulos

    Marta Suplicy e Guilherme Boulos após almoço na casa da ex-prefeita em São Paulo / Reprodução/ Instagram Marta Suplicy

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    • Reforço junto ao eleitorado da periferia

    Um dos benefícios para a campanha de Boulos com a entrada de Marta é o de não ter concorrência numa parcela do eleitorado, observa Glauco Peres.

    “A Marta traria uma disputa de votos mais ou menos no mesmo eleitor de periferia ligados a certos movimentos sociais, como de moradia, por exemplo, onde ela tem projeção. Também é esperado que o Boulos consiga disputar bem esse voto”, cita.

    Boulos em 2020 perdeu em regiões periféricas como Guaianases e Itaim Paulista, no extremo leste, e Pedreira e Jardim São Luís, no extremo sul.

    Segundo Jairo Pimentel, o psolista consegue ter maior capilaridade eleitoral entre os eleitores de menor renda, potencializando o apoio de Lula nessas localidades.

    “O PT havia perdido força em 2016 na periferia, mas a volta de Lula ao cenário político parece indicar uma volta do partido nessa localidade em São Paulo, haja visto a vitória de Lula e [Fernando] Haddad nessa região nas últimas eleições gerais”, comentou Pimentel.

    • Dois nomes conhecidos em uma chapa

    Ambos componentes da chapa são conhecidos na cidade. Além de Boulos ter avançado ao segundo turno em 2020, foi o deputado federal mais votado em 2022. E Marta, além de ter sido prefeita entre 2001 e 2004, também foi senadora e ministra.

    “Claro que para deputado é diferente, mas a votação foi expressiva na cidade, e é com isso que se conta”, expressa Peres.

    “Marta ainda tem capital político na cidade. Não é enorme como já foi, evidentemente, mas ela ainda é respeitada e conhecida em boa parte da cidade”, prossegue.

    Contra

    • Terá nome em sua chapa que estava com Nunes

    Na última campanha, Marta teceu comentários contra o próprio Boulos ao apoiar a chapa de Bruno Covas/Nunes em 2020. Depois, foi secretaria da gestão Nunes do início até a última terça-feira.

    Antes, Marta já lidava com os efeitos de sua saída do PT, em 2015, após 33 anos na sigla. Posteriormente, se colocou contra o partido e apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), por exemplo.

    “Cabe agora ela se explicar ao eleitorado quanto essas mudanças abruptas no curso de sua carreira política que, querendo ou não, criam dissonâncias em sua imagem”, diz Pimentel.

    • Com Marta, não tem sinalização para o eleitor de centro

    Na opinião de Peres, uma chapa entre PSOL e PT é mais à esquerda e pode ter dificuldade com eleitores de centro, espaço ocupado por Nunes.

    Para o professor da USP, o eleitor do espectro talvez tenha como alternativa a pré-candidata do PSB, Tabata Amaral.

    “Talvez a Tabata ocupe melhor esse espaço, mas o Datena [possível vice] deve criar uma certa rejeição por um eleitor mais da esquerda”, cita.

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