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    Novo estudo mostra que preguiças pré-históricas se alimentavam de carne animal

    Milodontes, uma espécie de preguiça pré-histórica, podiam alcançar o tamanho de elefantes e provavelmente eram 'onívoros oportunistas'

    Ashley Stricklandda CNN

    As preguiças modernas ficam nas árvores, se movem em um ritmo lento e têm uma dieta vegetariana, mas a mesma coisa não pode ser dita para seu parente extinto, o milodonte.

    Esta antiga preguiça terrestre, que viveu na América do Sul até cerca de 10.000 anos atrás, comia carne e também plantas, tornando-se onívora. A descoberta, enraizada em novas pesquisas, contradiz a compreensão científica anterior das criaturas gigantes extintas.

    “Se eles eram necrófagos esporádicos ou consumidores oportunistas de proteína animal não pode ser determinado em nossa pesquisa, mas agora temos fortes evidências que contradizem a suposição de longa data de que todas as preguiças eram obrigatoriamente herbívoras”, disse a principal autora do estudo, Julia Tejada, pesquisadora associada do Museu Americano de História Natural e pós-doutoranda na Universidade de Montpellier, França, em nota à imprensa.

    Existem apenas seis espécies de preguiça vivas hoje, e todas elas podem ser encontradas vivendo nas árvores das florestas tropicais das Américas do Sul e Central. No entanto, as preguiças terrestres anciãs eram diferentes. Algumas delas atingiam o tamanho de elefantes e viviam em uma ampla variedade de habitats, do Alasca à ponta da América do Sul.

    A preguiça do estudo, conhecida como preguiça terrestre de Darwin, ou Mylodon darwinii, provavelmente alcançava 3 metros de comprimento e pesava entre 1.007 e 1.996 quilogramas.

    Análises das mandíbulas e dentes preservados como fósseis de preguiças antigas, bem como fezes fossilizadas, sempre sugeriram que o milodonte e outras preguiças terrestres extintas comiam plantas, como seus parentes modernos.

    No entanto, essas pistas não revelam toda a história do que um animal comeu durante sua vida, especialmente se esse animal coletava seus alimentos.

    Novas evidências por pesquisas químicas

    Os pesquisadores realizaram uma análise química de aminoácidos, os blocos de construção das proteínas, que foram preservados nos pêlos de espécimes de milodonte. Quando um animal come alimentos específicos, os isótopos de nitrogênio ficam presos dentro de aminoácidos, que deixam um traço no interior do tecido corporal, como cabelos, pêlos ou unhas, e colágeno, que pode ser encontrado nos ossos e dentes.

    Os sinais de isótopos de nitrogênio podem mostrar se um animal era herbívoro, carnívoro ou onívoro.

    Pele e esterco de milodontes estão em exibição no Museu Americano de História Natural / Denis Finnin/American Museum of Natural History

    Nesse caso, a análise revelou que a preguiça gigante comia tanto carne quanto plantas. Os pesquisadores se referem à preguiça como um “onívoro oportunista”, o que significa que ela pode ter se alimentado de carcaças de outros animais ou ingerido proteína animal de ovos.

    Além de estudar os pêlos dos milodontes, os pesquisadores analisaram amostras de sete espécies de preguiça e seus parentes tamanduás próximos, vivos e extintos, para comparação. A equipe também estudou uma ampla gama de onívoros modernos.

    Outra preguiça extinta que os cientistas estudaram, uma preguiça terrestre chamada Nothrotheriops shastensis que viveu na América do Norte, foi considerada herbívora, mas o milodonte se destacou como um onívoro claro.

    Pesquisas anteriores sugeriram que não havia vegetação suficiente para sustentar todos os herbívoros que viviam na América do Sul, então o milodonte pode ter recorrido a outras fontes de alimento. O novo estudo apoia essa hipótese.

    “Esses resultados, fornecendo a primeira evidência direta de onivoria em uma espécie de preguiça ancestral, exigem uma reavaliação de toda a estrutura ecológica das comunidades de mamíferos antigos na América do Sul, já que as preguiças representaram um componente importante desses ecossistemas nos últimos 34 milhões de anos”, disse Tejada.

    O estudo foi publicado em outubro na revista Scientific Reports.

    Texto traduzido. Leia o original em inglês.

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