Cirurgias de coluna aumentam 20% durante pandemia, segundo levantamento
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Coluna mostra aumento deste tipo de cirurgia nos primeiros nove meses de 2021 em comparação ao mesmo período de 2019
Levantamento da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), a pedido da CNN, mostra que o número de cirurgias de coluna no Brasil aumentou 20% nos primeiros nove meses de 2021, em comparação com o mesmo período de 2019, momento anterior à pandemia de Covid-19.
Os principais problemas identificados pelos especialistas foram: doenças degenerativas do disco, hérnias discais e espondilolistese, quando uma vértebra se deslocada ao não suportar cargas excessivas na espinha dorsal.
Com a necessidade do trabalho remoto, devido ao isolamento social imposto pela pandemia, o estudo da SBC aponta que o sedentarismo, o ganho de peso e a alteração de humor foram os três principais fatores para a alta de lesões na coluna e, consequentemente, nas intervenções cirúrgicas.
“Sem dúvida nenhuma esse é o momento que em mais estou operando coluna. Desde o início da pandemia, aumentou muito a necessidade de intervenções para tratar problemas de coluna cervical, sendo majoritariamente pacientes com dores intoleráveis”, disse Haroldo Chagas, membro da SBC e chefe da neurocirurgia do Hospital Federal da Lagoa, no Rio de Janeiro.
Segundo Chagas, o home-office foi um dos responsáveis por esse aumento nos procedimentos.
“Todos esses problemas já existiam antes da pandemia, mas durante o coronavírus, as pessoas passaram a ficar somente em casa. As pessoas pararam de andar até o trabalho, pegar ônibus, etc. Isso gere a atrofia”, reiterou Chagas.
Para o ortopedista e especialista em coluna, Rogério Vidal, o estresse emocional durante a crise sanitária também foram relevantes para o aumento das cirurgias no Brasil. À CNN, ele explica que as pessoas ‘não aguentam mais’ sentir dor na coluna.
“Atualmente os pacientes não querem tratar os problemas na coluna de forma cautelosa, porque eles passaram a pandemia inteira com essas dores e não aguentam mais”, disse.
Segundo Vidal, alguns casos poderiam ser tratados com procedimentos menos invasivos, como fisioterapia e Reeducação Postural Global (RPG), mas os pacientes dizem que não aguentam mais sentir dor.
“O estresse emocional também é um dos problemas que podem causar essas dores. A verdade é que todo mundo ficou com medo de morrer”, enfatizou.
Rogério Vidal detalhou ainda como o home-office e a falta de estrutura podem ter influenciado o aumento dos procedimentos invasivos.
“A postura inadequada é um dos problemas principais para o aumento de cirurgias, sentar errado na cadeira, por exemplo. Além disso, tem pessoas que não tem uma estrutura adequada em casa para trabalhar. Ouvi relatos de pacientes que disseram que trabalham o dia inteiro sentados no sofá, isso é um veneno para a coluna”, finalizou o especialista.