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    Métricas climáticas precisam de mais clareza, diz ex-coordenador de clima que se demitiu

    À CNN, Oswaldo Lucon, que deixou cargo no Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, negou insatisfação com o governo e evitou comentar situação do Brasil isoladamente

    Giovanna Galvanida CNN , em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (3), o ex-coordenador do Fórum Brasileiro de Mudanças do Clima, Oswaldo Lucon – que pediu demissão do cargo na terça-feira (2) durante a COP26 –, avaliou que “muitos países” estão com métricas “não claras” acerca de suas ambições climáticas e evitou tecer comentários específicos sobre a situação do Brasil no cenário geral.

    “Vou me abster de fazer esses comentários. Existem muitas métricas nessa COP de muitos países que não são claras. Não é relativizar, mas é uma posição de neutralidade nesse período”, afirmou Lucon ao ser questionado sobre as mudanças nas metas climáticas brasileiras, como a ambição de reduzir em 50% a emissão de gases estufa em relação ao nível de 2005 até 2030.

    Lucon lembrou que o Brasil é citado no relatório “Emission Gap Report”, da Organização das Nações Unidas (ONU), que lista um conjunto de países que não seguindo o caminho determinado pelo Acordo de Paris para a redução de suas emissões.

    “É um conjunto de países que está aquém de atingir os objetivos do Acordo de Paris. Não vou isolar nenhum país nesse comentário”, disse, afirmando que as nações precisavam “aumentar a ambição” ao fim da COP26.

    “Não houve insatisfação pontual [com governo]”

    Oswaldo Lucon afirmou que não houve uma “insatisfação pontual” com o governo federal que o fizesse abrir mão do cargo no momento da COP26.

    Ao contrário, Lucon argumentou que sua saída aparecia como uma “oportunidade para fortalecer o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima com seu próximo coordenador”.

    “[A saída] vem em um momento em que as negociações ainda não esquentaram na COP, então isso dá um folego para governos e para a sociedade avaliar e, quem sabe, nós termos reuniões profícuas”, declarou. “Como não pude ser esse intermediário, achei melhor sair de cena e deixar que ambos os lados se proponham a reunir e conversar”, disse.

    Segundo ele, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, telefonou-o na noite de ontem para confirmar sua decisão. O agora ex-coordenador também afirmou que tem uma relação “ótima” com o ministro, e que a alteração da meta de emissão de carbono anunciada pelo Brasil teve a influência de assuntos debatidos no Fórum.

    Lucon ainda argumentou que ele estava presente na COP26 como um membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e, pelo código de conduta do órgão da ONU, não se dedicaria a avaliar criticamente a situação do Brasil neste momento.

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