Helicóptero desaparecido: o que sabemos sobre as buscas pela aeronave que sumiu em SP
Um Robinson R44 decolou do Campo de Marte no domingo (31) com quatro pessoas a bordo e perdeu comunicação com os radares; FAB incluiu novo modelo de helicóptero militar para reforçar buscas
A Força Aérea Brasileira (FAB) procura por um helicóptero que desapareceu no litoral norte de São Paulo no domingo (31), quando decolou do aeroporto Campo de Marte rumo a Ilhabela.
A aeronave levava quatro pessoas, incluindo o piloto, e sumiu dos radares pouco tempo depois da decolagem.
Segundo a Polícia Militar (PM), o helicóptero decolou às 13h15 no domingo. O último contato foi às 15h10.
Veja o que se sabe sobre o caso e os esforços da busca que completa uma semana neste domingo (7).
Área de buscas
Na quarta-feira (3), a FAB retomou as buscas iniciadas pouco tempo depois do desaparecimento do helicóptero, em uma região onde a aeronave poderia estar, mas teve de suspender a operação por conta de dificuldades meteorológicas. As buscas foram retomadas na quinta-feira (4).
Um corpo foi encontrado nas margens de uma represa na região das buscas pelo helicóptero que desapareceu desde a véspera do Réveillon, no litoral de São Paulo.
Segundo o Corpo de Bombeiros, trata-se do corpo de um homem e foi localizado em Natividade da Serra. A Defesa Civil e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmaram, em uma nota conjunta, que não há nenhum indício de que o corpo encontrado tenha relação com o helicóptero que desapareceu.
Após a retomada das buscas, a FAB informou que sobrevoou, na quinta-feira, o equivalente a cinco cidades em um total de quase oito horas de buscas para encontrar o helicóptero desaparecido no litoral de São Paulo.
Desde o dia 1º de janeiro, quando a FAB entrou na procura, as buscas já passavam por sete municípios e somavam mais de 27 horas.
A aeronave SC-105 Amazonas decolou do aeroporto de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, às 10h22. O avião passou por Jambeiro, Redenção da Serra, Paraibuna, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra, até retornar para São José dos Campos, onde pousou às 18h09.
As buscas são feitas pelo Esquadrão Pelicano da FAB, que utiliza o avião SC-105 Amazonas com 15 tripulantes.
Segundo a FAB, o SC-105 é equipado com um radar com capacidade de alcance de até 360 quilômetros.
O avião também tem um sistema de comunicação via satélite que possibilita o contato com outras aeronaves ou centros de coordenação de salvamento (Salvaero), mesmo em voos em baixa altitude.
Desafios
Na sexta-feira (5), em entrevista à CNN, o tenente-coronel Emanuel Garioli, comandante do Esquadrão Pelicano da FAB, afirmou que não há uma data prevista para que as buscas sejam encerradas.
“Normalmente, quando somos acionados em busca, a meteorologia não é favorável. Temos também um relevo montanhoso e a Mata Atlântica densa. Junto com isso, ainda temos uma aeronave pequena e na cor cinza”, disse o oficial.
Garioli explica que, ao encontrar uma situação desfavorável durante a rota – como a presença de nuvens –, o piloto, normalmente, não segue em linha reta ao seu destino. “Ele tenta desviar desse tempo ruim”, detalha.
Esses possíveis desvios fazem com que a FAB trabalhe em uma área muito grande para fazer as buscas. Segundo a corporação, as equipes de resgate fazem a varredura em uma área de 5.000 metros quadrados.
Também na sexta-feira, o tenente-coronel Emanuel Garioli, comandante do Esquadrão Pelicano da Força Aérea Brasileira (FAB), afirmou que não há uma data prevista para que as buscas sejam encerradas.
“Normalmente, quando somos acionados em busca, a meteorologia não é favorável. Temos também um relevo montanhoso e a Mata Atlântica densa. Junto com isso, ainda temos uma aeronave pequena e na cor cinza”, afirmou o oficial.
A Polícia Militar de São Paulo também participa das buscas pela aeronave desaparecida. Na sexta, também em entrevista à CNN, o major Joscilênio Fernandes, da PM paulista, afirmou que a operação é “como procurar uma agulha no palheiro”.
“O helicóptero é cinza, e se ele tiver debaixo das árvores, uma vegetação espessa, fica muito mais difícil o trabalho visual, por mais que a gente seja treinado para isso e estejamos voando baixo”, afirma Fernandes.
FAB reforça time de buscas
No sábado (6), a FAB informou que as buscas pelo helicóptero que desapareceu no litoral paulista foram reforçadas com o Black Hawk, helicóptero militar de médio porte utilizado para missões de resgate e busca de salvamento.
Além do Black Hawk, também é utilizado na procura pelo helicóptero a aeronave SC-105 Amazonas, do Esquadrão Pelicano. Esta aeronave está presente nas buscas desde o primeiro dia.
Helicóptero tentaria pousar em Ubatuba
Um dos passageiros do helicóptero, o empresário Raphael Torres, de 41 anos, enviou uma mensagem de voz ao filho na tarde de domingo (31) dizendo que o tempo estava ruim em Ilhabela e que a aeronave tentaria pousar em Ubatuba.
Também no domingo, outra passageira, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, enviou mensagem ao namorado relatando que o equipamento havia feito um pouso de emergência e que havia muita neblina naquele momento.
Ela disse estar com medo e acrescentou que o helicóptero tentaria retornar. A jovem não soube precisar o local onde o grupo estava.
Quem estava a bordo
Raphael havia convidado para o voo a amiga Luciana Rodzewics, 46, e Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20. Elas fariam um “bate-volta” em Ilhabela.
O helicóptero, um Robinson R44 fabricado em 2001, era pilotado por Cassiano Tete Teodoro, 44 anos. Ele teve sua licença e as habilitações cassadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa de “condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”.
A agência reguladora diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
“Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.
Ainda de acordo com a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”.
“Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.
A advogada Érica Rodrigues Zandoná, que representa o piloto, diz que “a defesa se resguarda o direito de não comentar até averiguar todos os fatos junto ao seu cliente”.
(Publicado por Gustavo Zanfer, com informações de Felipe Andrade, Duda Cambraia, Bianca Camargo, Catarina Nestlehner e Adriana De Luca)