Buscas por helicóptero desaparecido em SP completam uma semana; veja detalhes
Aeronave decolou com destino a Ilhabela no domingo (31), quando perdeu a comunicação com os radares; a FAB intensificou esforços e incluiu novo modelo de helicóptero militar na missão
As buscas pelo helicóptero que desapareceu no litoral paulista completam uma semana neste domingo (7). A aeronave decolou do aeroporto Campo de Marte, na capital paulista, no domingo (31), com destino a Ilhabela, quando perdeu a comunicação com os radares.
O empresário Raphael Torres, de 41 anos, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20, e Luciana Rodzewics, de 46, voavam na aeronave de modelo Robinson R44 pilotada por Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos.
Sem encontrar sinais do paradeiro da aeronave, a Força Aérea Brasileira (FAB) intensificou os esforços de buscas com o Black Hawk, helicóptero militar de médio porte utilizado para missões de resgate e busca de salvamento.
Além do Black Hawk, também é utilizado na procura pelo helicóptero a aeronave SC-105 Amazonas, do Esquadrão Pelicano. Esta aeronave está presente nas buscas desde o primeiro dia.
Segundo a FAB, a missão foi prejudicada pelas condições meteorológicas e pelo relevo montanhoso na região. A área total de buscas é de cinco mil quilômetros quadrados. O helicóptero ainda não foi localizado.
Nesta sexta-feira (5), em entrevista à CNN, o tenente-coronel Emanuel Garioli, comandante do Esquadrão Pelicano da FAB, afirmou que não há uma data prevista para que as buscas sejam encerradas.
“Normalmente, quando somos acionados em busca, a meteorologia não é favorável. Temos também um relevo montanhoso e a Mata Atlântica densa. Junto com isso, ainda temos uma aeronave pequena e na cor cinza”, disse o oficial.
Garioli explica que, ao encontrar uma situação desfavorável durante a rota – como a presença de nuvens –, o piloto, normalmente, não segue em linha reta ao seu destino. “Ele tenta desviar desse tempo ruim”, detalha.
Esses possíveis desvios fazem com que a FAB trabalhe em uma área muito grande para fazer as buscas. Segundo a corporação, as equipes de resgate fazem a varredura em uma área de 5.000 metros quadrados.
“Agulha no palheiro”
A Polícia Militar de São Paulo também participa das buscas pela aeronave desaparecida. Nesta sexta, também em entrevista à CNN, o major Joscilênio Fernandes, da PM paulista, afirmou que a operação é “como procurar uma agulha no palheiro”.
Fernandes também considera que a maior dificuldade na operação está nas condições climáticas, que não são favoráveis desde o dia do desaparecimento. Além disso, a região é montanhosa, o que dificulta a visualização da aeronave.
“O helicóptero é cinza, e se ele tiver debaixo das árvores, uma vegetação espessa, fica muito mais difícil o trabalho visual, por mais que a gente seja treinado para isso e estejamos voando baixo”, afirma Fernandes.
Helicóptero tentaria pousar em Ubatuba
Um dos passageiros do helicóptero, o empresário Raphael Torres, 41, enviou uma mensagem de voz ao filho na tarde de domingo dizendo que o tempo estava ruim em Ilhabela e que a aeronave tentaria pousar em Ubatuba.
“Filho, eu vi que você leu minha mensagem agora. Acho que vou para Ubatuba porque Ilhabela está ruim, meu. Não consigo chegar”, disse. Ao fundo, é possível ouvir o barulho do motor do helicóptero.
Segundo a nutricionista Herika Torres, irmã de Raphael, a mensagem foi enviada por volta das 14h25. Esse foi o último contato feito pelo empresário antes do desaparecimento da aeronave.
Também no domingo, outra passageira, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, enviou mensagem ao namorado relatando que o equipamento havia feito um pouso de emergência e que havia muita neblina naquele momento.
Ela disse estar com medo e acrescentou que o helicóptero tentaria retornar. A jovem não soube precisar o local onde o grupo estava.
Quem estava a bordo
Raphael havia convidado para o voo a amiga Luciana Rodzewics, 46, e Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20. Elas fariam um “bate-volta” em Ilhabela.
Pouco depois da decolagem, Luciana postou um vídeo no Instagram de sua loja mostrando o momento em que o helicóptero com as quatro pessoas a bordo sobrevoava a capital paulista.
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O helicóptero, um Robinson R44 fabricado em 2001, era pilotado por Cassiano Tete Teodoro, 44 anos. Ele teve sua licença e as habilitações cassadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa de “condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A agência reguladora diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
“Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.
Ainda de acordo com a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”. “Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.
A advogada Érica Rodrigues Zandoná, que representa o piloto, diz que “a defesa se resguarda o direito de não comentar até averiguar todos os fatos junto ao seu cliente”.
(Publicado por Gustavo Zanfer, com informações de Maria Clara Matos e Fábio Munhoz)