Rio fará pesquisa para verificar eficácia da dose de reforço em maiores de 18 anos
Estudo contará com 9 mil voluntários e será feito em parceria entre Secretaria Municipal de Saúde do Rio, Fiocruz e Instituto D'Or
Uma pesquisa será feita no município do Rio de Janeiro para avaliar a segurança e a eficácia da terceira dose da vacina contra a Covid-19, em todos os adultos a partir dos 18 anos. O estudo é realizado pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.
Serão selecionados 9 mil voluntários e as inscrições já estão abertas em um formulário no site da Fiocruz. Metade dos participantes receberão imunizantes da Pfizer e a outra parte da AstraZeneca.
Segundo José Cerbino, médico infectologista da Fiocruz e membro do comitê científico da prefeitura, o estudo tem três grandes objetivos: “o primeiro é de segurança, avaliar os possíveis eventos adversos em diferentes combinações de vacinas, em diferentes faixas etárias e diferentes condições. Depois, o objetivo é avaliar a produção de anticorpos nessas diferentes combinações e o último é o de apurar a efetividade, avaliar se houve diferença na proteção em relação a infecções nesses diferentes grupos.”
As vacinas vão ser manejadas “às cegas”, ou seja, os participantes não saberão qual tomaram. Essa informação será revelada na terceira visita, que ocorrerá 60 dias após a aplicação.
Todos os voluntários serão avaliados em pelo menos três momentos diferentes ao longo de dois meses. A primeira análise será feita por visita presencial e as subsequentes de forma virtual ou presencial (30 dias e 60 dias após a vacinação).
Para poder participar, é necessário ter idade igual ou superior a 18 anos, esquema vacinal completo contra a Covid com as vacinas Coronavac, AstraZeneca ou Pfizer, tendo tomado a segunda dose há pelo menos seis meses.
De acordo com José Cerbino, a partir do momento em que todos os 9 mil voluntários estiverem inscritos, os primeiros resultados deverão sair após 60 dias.
“Ainda não há consenso sobre a necessidade de vacinação para todas as faixas etárias da dose de reforço, mas há uma probabilidade alta para que todas essas pessoas tenham que reforçar a cobertura vacinal. Porém, quando a vacina será utilizada, essas questões somente [serão respondidas] quando os testes estiverem finalizados. Na hora que tivermos certeza de que temos que tomar o reforço, é importante que saibamos como fazer e que tipo de vacina tomar. E, para isso, é preciso que tenhamos dados”, defendeu Cerbino.
Essa é a maior pesquisa do tipo já realizada no Rio de Janeiro. Cerbino avalia que, diferente de outros testes de imunização para outras doenças, que têm como principal chamariz a contribuição dos voluntários para gerar conhecimento científico, quando se trata de Covid, os estudos acabam oferecendo a oportunidade dos participantes se vacinarem mais cedo e aumentar sua proteção contra o vírus. “É uma particularidade de estudos de Covid”, diz.
Estudo sobre anticorpos
Cerca de 3 mil voluntários vão ser convidados para um subestudo de imunogenicidade –a avaliação da produção de anticorpos. Os pacientes serão acompanhados por 12 meses, com coletas de sangue e consultas.
Os responsáveis pela pesquisa ressaltaram que qualquer voluntário poderá deixar o estudo no momento em que desejar.
Pessoas que não podem participar:
- Indivíduos que apresentam contra-indicação às vacinas AstraZeneca ou Pfizer;
- Portadores de doenças crônicas não controladas;
- Imunossuprimidos (pessoas que por medicação ou doença tenham baixa imunidade);
- Quem fez uso de derivados de sangue nos últimos 6 meses;
- Quem fez uso de duas vacinas diferentes no esquema primário contra Covid-19;
- Quem recebeu maior número de doses do que o estabelecido para esquema primário para vacinação contra Covid-19 pelo Ministério da Saúde;
- Grávidas ou no puerpério (até 45 dias após o parto).