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    Ibovespa recua 2,09% no dia e fecha outubro com queda de 6,7%; dólar sobe a R$ 5,64

    Situação fiscal preocupa investidores e bolsa registra quarta baixa mensal consecutiva

    Paula Arend LaierAluisio Alvesda Reuters

    O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (29), com nova perda semanal e engatando a quarta perda mensal consecutiva, reflexo da desconfiança de investidores principalmente acerca de potenciais medidas do governo de Jair Bolsonaro com reflexos nocivos na situação fiscal do país.

    Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,09%, a 103.500 pontos, contabilizando um declínio de 2,63% na semana e de 6,74% em outubro, renovando sua mínima em 11 meses. No ano, perde 13,04%. O volume financeiro nesta sexta-feira somou R$ 33,3 bilhões.

    “O Ibovespa encerra o quarto mês consecutivo de baixa, com um cenário completamente indefinido nas pautas econômicas e políticas”, afirmou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos.

    De acordo com ele, fatores como a pressão inflacionária e o aumento dos juros e incertezas em questões como a PEC dos Precatórios, Auxílio Brasil, entre outros, se refletem em cautela dos investidores e corroboram uma imprevisibilidade crescente, com diminuição na busca pelo risco na renda variável.

    Chinchila destacou que há setores bem depreciados, como o de bancos e commodities, que podem impulsionar o Ibovespa para uma recuperação para final do ano. “Para tanto, é fundamental definições como Orçamento 2022 para que as empresas tenham algum horizonte e reforcem suas expectativas futuras”, afirmou ele.

    Uma bateria de resultados corporativos também repercutiu na bolsa paulista, que outra vez acompanhou Wall Street, onde a tônica foram os resultados de empresas como Apple e Amazon pressionando negativamente após seus respectivos balanços.

    Ainda assim, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam no azul, tocando máximas históricas no intradia, embalados pelo desempenho da Microsoft. O S&P 500 subiu 0,19% e o Nasdaq avançou 0,33%. No mês, acumularam ganhos de 6,91% e 7,27%, respectivamente.

    Dólar

    Já o dólar avançou contra o real nesta sexta-feira, ao fim de pregão bastante volátil, encerrando o mês de outubro com fortes ganhos também por conta da situação fiscal do país.

    O dólar à vista teve alta de 0,28%, a R$ 5,6419. Na semana, a moeda teve alta de 0,31%, enquanto, no mês, a valorização acumulada foi de 3,53%.

    Apesar das perdas, fortes dados fiscais ajudaram a melhorar a reação de preço do mercado, que analisava ainda decisão do Confaz pelo congelamento do valor do ICMS cobrado nas vendas de combustíveis por 90 dias.

    “O mercado de pré está totalmente disfuncional. O mercado não faz mais conta, e só tem novas ondas de ‘stops’. Passou da hora de o Tesouro entrar retirando risco pré do mercado e pagando com LFT”, comentou no Twitter Roberto Motta, responsável pela mesa de derivativos da Genial Investimentos.

    O mercado de renda fixa é o que mais tem sofrido com a turbulência recente, uma vez que as marcações a mercado têm imposto severas perdas às carteiras devido à perspectiva de uma condução frouxa da política fiscal que exigirá juros ainda mais altos num cenário de inflação bem acima da meta.

    Na véspera, um índice da Anbima que acompanha os preços de títulos públicos prefixados despencou 1%, queda bastante expressiva para o setor, a maior desde o auge da pandemia em 2020 e que levou o índice ao menor valor desde março do ano passado.

    A pressão na renda fixa é aumentada pelo rali do dólar, que no ano já chega a 8,6%. Evidência do nível elevado de risco, o real tem se desvalorizado junto com a moeda da Turquia, país que tem promovido cortes de juros na canetada por ingerência política, enquanto no Brasil o BC fez nesta semana o maior aperto monetário em quase duas décadas.

    Não bastassem os temas domésticos, o câmbio se ressente da pressão externa, com o índice do dólar voltando a subir de forma expressiva nesta sessão após indicadores econômicos nos EUA referendarem a narrativa de que o aumento da inflação pode levar não apenas a redução iminente de estímulos, mas também a alta antecipada dos juros.

    “Investidores seguem acompanhando a divulgação de balanços corporativos, mas com as atenções se voltando para a reunião do FOMC, que ocorrerá na próxima semana, quando o Fed pode anunciar o início da redução do programa de compras de ativos”, disse o Bradesco em nota matinal. O Fomc é o comitê de política monetária do banco central norte-americano, responsável pelas decisões de juros por lá.

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