“Máfia da miséria é quem abandona o povo”, diz padre Júlio Lancellotti à CNN
Termo tem sido utilizado pelo vereador Rubinho Nunes (União) para se referir às entidades que atuam na região da Cracolândia, em São Paulo
Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (5), o padre Júlio Lancellotti rebateu o termo “máfia da miséria”, utilizado pelo vereador Rubinho Nunes (União-SP) para se referir às entidades que atuam na região da “Cracolândia”, na capital paulista.
“Eu acho que é ‘máfia da miséria’ quem abandona o povo, máfia da miséria é não ter remédio nas Unidades Básicas de Saúde e nas UPAs; ter tanta gente com o Cad suspenso e bloqueado; máfia da miséria é o povo ter que dormir na rua”, afirmou.
A avaliação do padre é de que os termos utilizados pelo parlamentar em declarações à imprensa “são palavras de efeito que querem causar impacto”.
“Na verdade, elas não dizem claramente o que é que quer dizer isso. ‘Lucro político’? Eu não sou candidato, não sou político, não tenho cargo político, que lucro político eu posso ter? Na verdade, inclusive toda essa agressão que eu estou recebendo não é lucro político nenhum.”
O vereador Rubinho Nunes é autor do pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam no centro da capital paulista.
O requerimento para criação da CPI foi protocolado em dezembro. No documento, não há menção ao padre Júlio Lancellotti, nem a nenhuma entidade em específico.
No entanto, à CNN, Nunes confirmou que o padre — reconhecido por seu trabalho junto à população em situação de rua — seria um dos convocados caso a comissão seja instalada.
“Ele capitaneia tudo isso, então ele é uma figura que vai ser convocada tão logo a CPI seja instalada.”