É grave política econômica funcionar por reeleição, diz Maílson da Nóbrega
Presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou que a votação da PEC dos Precatórios, que abre espaço no Orçamento para o Auxílio Brasil, acontecerá hoje
O economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega vê com preocupação a política econômica brasileira se submeter ao que classifica como interesses eleitorais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (27), o ex-ministro afirmou que a “política econômica se submete ao designíos do presidente da República porque ele quer se reeleger.”
“Aumentar o Bolsa Família é uma forma de conquistar os beneficiários do programa numa área do Nordeste onde Bolsonaro não é bem cotado entre os eleitores. Portanto, se submete os interesses da politica econômica do pais aos interesses imediatos do presidente da República e isso é muito grave. Mexe na regra democrática e na regra do teto [de gastos]”. avaliou Maílson.
Ainda na avaliação do ex-ministro da Fazenda, postergar o pagamento dos precatórios pode ser considerado um “calote” do governo federal.
“É um calote, sim. O precatório é um reconhecimento do Judiciário de uma indenização por erros cometidos pelo Poder Público. A pessoa recorre e, quando ganha, o governo é obrigado a pagar. Em muitos casos, estes processos duram 20, 30 anos e o autor morre. O processo é continuado por herdeiros”.
PEC dos Precatórios pode gerar ‘bola de neve’
Segundo Maílson, o texto da PEC dos Precatórios, que posterga parte do pagamento dessas dívidas e muda a regra do teto de gastos, pode gerar “uma bola neve” nas contas do governo.
“O relator desse projeto na Câmara, deputado Hugo Motta, conseguiu a façanha de piorar a proposta do governo. Agora vai ter um subteto (…) Isso vai criar uma bola de neve. Eles estão criando uma série de mecanismos para o Orçamento ser elaborado com essa incerteza. É uma bagunça sem comparação”, disse.
Pelas redes sociais, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou que a votação da PEC dos Precatórios acontecerá ainda nesta quarta-feira. Segundo ele, a viabilização de um auxílio permanente será possível a partir da reforma do Imposto de Renda, que tramita no Senado.
“A Câmara vota nesta 4ª-feira a PEC dos Precatórios, que abre caminho para um auxílio temporário até dezembro do ano que vem. Mas o auxílio permanente virá da mudança no IR e nos dividendos que está no Senado”, escreveu Lira.