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    Para encher o tanque do carro, motoristas gastam R$ 102 a mais do que em janeiro

    Petrobras é responsável por mais de 30% do valor final do litro da gasolina vendido na bomba, segundo especialista ouvido pela CNN

    Stéfano SallesMylena Guedesda CNN no Rio de Janeiro

    Um levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostra que, em janeiro, o brasileiro gastava R$ 280,80 em média para encher o tanque de 60 litros de gasolina de um carro de passeio, de acordo com o preço médio no período. Atualmente, segundo a versão mais recente do acompanhamento semanal, agora são necessários R$ 383,40. Isto é, são R$ 102,80 a mais.

    O valor que completaria o tanque em janeiro, agora só encheria 73% dele. Um quarto a menos. E, quando o consumidor voltar para abastecer, vai encontrar a gasolina ainda mais cara, porque os dados do levantamento ainda não incluem os efeitos do aumento anunciado na segunda-feira (25) pela Petrobras.

    Segundo o novo reajuste, o preço do litro da gasolina às distribuidoras terá um aumento de R$0,21, representando cerca de 7%. Nas bombas, essa mudança deve impactar em uma alta de R$0,15 por litro.

    Em setembro, em meio às críticas em relação ao preço nas bombas, a Petrobras disse ser responsável por R$ 2 na fatia que lhe cabia sobre o valor da gasolina. Atualmente, a parte da empresa por litro é de R$ 2,33, ou seja, alta de R$ 0,33 em um mês.

    O valor pode parecer pequeno, mas, segundo o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Petrobras é responsável por cerca de 34% do valor final do combustível.

    “Na prática, os motoristas vão sentir um aumento no preço em torno de 3% nos postos de gasolina com o reajuste. Quanto à composição do valor da gasolina ao consumidor final, a Petrobras é responsável por cerca de 34% da parcela atualmente. Já outros 16,75% do restante é do custo do etanol anidro, misturado no combustível.

    Enquanto isso, o imposto estadual ICMS corresponde a cerca de 27% do valor. A participação das distribuidoras e revendas a 11% e outros 11% incluem impostos federais, como CIDE, PIS/PASEP e COFINS, em média”, afirma o economista.

    Ainda de acordo com Braz, o preço do combustível pode aumentar ainda mais até o final do ano. Isso porque o valor depende de três fatores: o preço do barril do petróleo, a desvalorização do real frente ao dólar e o preço do álcool anidro, derivado da cana de açúcar.

    “Essas três variantes geram alta no combustível, principalmente o preço do barril. Se o índice delas não mudar, é bem provável que sejam anunciados novos reajustes em 2021”, diz.

    O economista alerta, ainda, que a inflação do país, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode fechar o ano em 10% se os ajustes continuarem. Segundo ele, a previsão da FGV já está em 9,5%.

    Em nota enviada à CNN, a Petrobras afirma que os preços dos combustíveis praticados pela companhia buscam o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo.

    A empresa ressalta que o alinhamento ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento.

    Apontado pelo governo federal e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) como principal vilão dos aumentos, o ICMS corresponde a entre um terço e um quarto do valor final do produto. No Rio de Janeiro, a alíquota chega a 34%. Já em São Paulo, está no patamar de 25%.

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