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    Entre os hospitalizados por Covid, 90% não tomaram duas doses da vacina

    Estudo conduzido pelo Hospital Emílio Ribas aponta que dos 1.172 hospitalizados com Covid-19 pesquisados, 1.034 não completaram esquema vacinal

    Camila Neumamda CNN , São Paulo

    Nove em cada dez pacientes hospitalizados pela Covid-19 deixaram de tomar as duas doses da vacina contra o coronavírus, segundo um levantamento do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

    O estudo foi feito com base em 1.172 pacientes internados no hospital Emílio Ribas, em São Paulo, referência no atendimento de doenças infecciosas, entre elas a Covid-19. Destes, 1.034 não haviam completado o esquema vacinal e 138 estavam completamente imunizados.

    Os dados apresentados por Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas apontaram ainda que dos 1.172 casos identificados no levantamento, 274 evoluíram a óbito. Destes, 237 não haviam recebido nenhuma dose da vacina, 21 apenas a primeira dose e 16 haviam recebido as duas doses.

    “Isso mostra o que desde o começo a gente tem dito: o papel da vacina é proteger pessoas. A gente não consegue todas, mas o máximo de proteção, no máximo de indivíduos”, afirmou Suleiman.

    A alta incidência de hospitalização e mortes entre pessoas que não tomaram as duas doses comparada aos que completaram o esquema vacinal reforça a evidência encontrada em outras pesquisas publicadas sobre a eficácia da vacinação para a diminuição dos números de casos sintomáticos e óbitos.

    Todas as vacinas aprovadas para uso no Brasil se mostraram eficazes nos testes clínicos e estão apresentando alta efetividade no mundo real, sobretudo na diminuição de hospitalizações e mortes.

    O Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, conta com as vacinas contra Covid-19 Coronavac (Sinovac/Butantan),  AstraZeneca/Fiocruz, ComiRNAty (Pfizer/BioNtech) e Janssen.

    Um amplo estudo das vacinas contra a Covid-19 da Coronavac e da AstraZeneca/Fiocruz no Brasil mostrou que os imunizantes têm taxas de efetividade acima de 70% e 80%, respectivamente, na prevenção contra casos graves, hospitalizações e mortes em decorrência da doença.

    Um estudo de efetividade das vacinas realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com dados colhidos entre 17 de janeiro e 19 de julho de 2021, reforçou que as vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer contra Covid-19 preveniram casos graves e óbitos causados pela doença no Brasil.

    O estudo produziu uma análise de efetividade do plano de imunização como um todo, incluindo as três vacinas. Nesse caso, a efetividade dos esquemas vacinais completos contra mortes foi de 51,4% nos idosos com mais de 80 anos, de 71,8% na faixa etária de 60 a 79 anos, e de 84,5% para a população de 40 a 59 anos. Esses percentuais caíram para 35,9%, 61% e 73,6% na efetividade contra casos graves.

    A vacina de dose única da Janssen evitou a hospitalização média de 66% das pessoas, sendo 71% dos casos da variante Delta e 67% da variante da Beta. O percentual de proteção contra mortes ficou entre 91% e 95%, segundo estudo de eficácia. Não há ainda dados sobre a efetividade do imunizante no Brasil.

    Importância da dose de reforço

    Para evitar internações e mortes por Covid, idosos e profissionais de saúde, os primeiros vacinados no país, e que já tomaram as duas doses, devem tomar a dose de reforço para potencializar a imunidade contra a Covid-19, orienta o infectologista.

    “É fundamental que as pessoas acorram aos sistemas de saúde para receber esses agentes imunizantes, o que inclui a dose de reforço nos indivíduos elegíveis para essa abordagem”.

    A dose de reforço é essencial por conta da ameaça da variante Delta do SARS-CoV-2, do fenômeno da imunossenescência, que faz com que o organismo dos mais velhos não reaja tão bem aos imunizantes, e à natural queda na proteção contra a Covid-19 detectada em todas as vacinas após seis meses.

    “Preste o máximo de atenção às autoridades sanitárias, observe os critérios de elegibilidade e busque a imunização”, orienta Suleiman.

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