Falta de matéria-prima é maior preocupação das indústrias, aponta CNI
Produção manteve-se estável em setembro na comparação com agosto, mas número de empregados aumentou
A sondagem industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (22) apontou que a falta ou alto custo de matérias-primas ainda é a maior preocupação no setor industrial brasileiro.
Segundo os dados do levantamento, a preocupação com problemas ligados às matérias-primas caiu a cada trimestre do ano, mas segue elevada. Entre os empresários entrevistados, 67,2% citavam essa questão no primeiro trimestre, contra 62,4% no terceiro.
A sondagem apontou que os preços das matérias-primas continuam em alta no Brasil. O indicador que acompanha os preços registrou 73,2 pontos no terceiro trimestre, indicando alta. Apesar disso, ele ficou 0,9 ponto menor em relação ao trimestre anterior.
Já o medo com problemas atrelados à energia aumentou, conforme a crise hídrica e seu efeito sobre a geração de energia por hidrelétricas se intensificou. A preocupação foi citada por 11,3% no primeiro trimestre, e agora 24,7% apontaram a questão.
De acordo com a CNI, a questão de alta no custo da energia, com aumento de uso das termelétricas para compensar a produção, deve continuar como um problema para as indústrias nos próximos meses.
Além das matérias-primas e da energia, a carga tributária elevada e a taxa de câmbio foram citadas como principais problemas enfrentados pela indústria. Com leve alta em relação ao segundo trimestre, foram apontados por 34,6% e 24,9% dos entrevistados, respectivamente.
Fechando as cinco maiores preocupações está a demanda interna insuficiente, citada por 19,4% dos entrevistados.
Produção e emprego
O levantamento da CNI apontou que a produção industrial brasileira manteve-se estável em setembro de 2021, mas caiu em relação a agosto. O índice de difusão registrou 50 pontos, valor usado como divisor entre alta ou queda na produção.
Segundo a instituição, o índice ficou bem abaixo do valor de outubro de 2020, de 59,1 pontos. Entretanto, a diferença era esperada, devido ao cenário de retomada econômica e recuperação industrial no terceiro trimestre de 2020.
Em relação a agosto de 2021, a produção das pequenas e médias indústrias caiu, com índices de 48,9 e 49,3 pontos, respectivamente. Já a de grandes indústria aumentou, com 51 pontos.
A utilização da capacidade instalada da indústria não teve alteração entre agosto e setembro, mantendo-se em 72%. O valor é igual ao do mesmo mês em 2020, e supera os valores de setembro de 2015 até 2019.
As contratações no setor industrial continuam a subir. Em setembro deste ano, o índice de difusão para o emprego industrial registrou 52,1 pontos. O valor indica que os empregos aumentaram em relação ao mês anterior.
Com exceção de abril de 2021, todos os últimos 15 meses tiveram uma trajetória de emprego ascendente, com o índice acima de 50 pontos.
Expectativas do setor
A insatisfação com as margens de lucro aumentou entre os entrevistados da sondagem. Já a satisfação com a situação financeira diminuiu, mas segue acima da média histórica. Eles apontaram ainda que o acesso ao crédito está mais difícil. Os indicadores são registrados trimestralmente.
Os empresários entrevistados em outubro de 2021 reduziram levemente o otimismo, revertendo uma tendência de alta iniciada em abril deste ano.
Atualmente, o índice de expectativa de demanda está em 57,1 pontos. Os valores acima de 50 pontos indicam expectativa de alta.
Já a intenção de investimentos caiu 0,6 ponto em outubro em relação ao mês anterior. Com 57,9 pontos, ela também segue acima de 50 pontos, indicando que há intenção de investir entre o empresariado.
As perspectivas para exportações, compras de matérias-primas e para alta no número de empregados também seguiram positivas em outubro.
A sondagem entrevistou 1.954 empresas, sendo 781 de pequeno porte, 691 de médio porte e 482 de grande porte. O período da coleta de dados foi de 1º a 15 de outubro.
*Sob supervisão de Thâmara Kaoru