Caderno perto do corpo de Brian Laundrie pode esclarecer caso, dizem especialistas
Itens pessoais, incluindo uma mochila, uma bolsa seca e algumas roupas, foram encontrados na Reserva Carlton, na Flórida, principal local de busca dos investigadores
Muitas perguntas permanecem sem resposta após a morte de Brian Laundrie. Mas especialistas em crime dizem que o caderno encontrado perto de seus restos mortais em um parque de reserva natural da Flórida, nos Estados Unidos, pode lançar alguma luz sobre as circunstâncias de seu desaparecimento e a morte violenta de sua noiva, Gabby Petito.
O FBI confirmou na quinta-feira (21) que os restos encontrados na Reserva Carlton, em North Port, pertenciam a Laundrie – que sumiu no mês passado depois que Petito foi dada como desaparecida. Ela foi encontrada morta por estrangulamento em um parque nacional do Wyoming, em 19 de setembro.
A polícia também encontrou alguns itens pessoais de Laundrie na reserva, incluindo uma mochila, um caderno, uma bolsa seca e algumas roupas.
Ele não foi acusado pela morte de Petito, embora o FBI o tenha descrito como uma “pessoa de interesse” no caso do assassinato.
Especialistas disseram à CNN que o caderno que se acredita ser de Laundrie pode oferecer algumas dicas sobre a história que chamou a atenção do público.
“Se esse caderno contiver, por exemplo, informações que podem ser confissões, projeções de culpa ou racionalização, todas essas informações podem ajudar na determinação [do ocorrido]”, disse o ex-especialista do FBI na criação de perfis Jim Clemente, na quinta-feira (21).
Uma fonte com conhecimento da investigação disse à CNN que o caderno estava claramente molhado quando foi encontrado fora de uma bolsa seca que as autoridades localizaram na quarta-feira (20) durante a busca. “[Mas é] possivelmente recuperável”, disse a fonte.
“Eles vão usar qualquer meio potencial para secá-lo antes de abri-lo”, disse a fonte. “Eles vão ter muito cuidado com isso.”
Mark O’Mara, um advogado de defesa criminal e ex-promotor, disse à CNN que o FBI terá “um pouco de sorte” em manter parte do caderno devido aos avanços da tecnologia forense.
“Acho que será possível obter ótimas informações. Porque mesmo que haja vazamento de tinta entre as páginas, eles já fizeram um ótimo trabalho com itens muito mais antigos que encontraram”, explicou.
A família de Laundrie não sabe o que está no caderno, disse Steven Bertolino, um advogado da família, ao programa “Good Morning America” da ABC, nesta sexta-feira (22).
O pai de Laundrie pegou uma sacola que foi encontrada e imediatamente a entregou aos policiais, disse ele, acrescentando que não sabia se o caderno estava na sacola ou na mochila que os policiais encontraram.
As autoridades procuram Laundrie, de 23 anos, por mais de um mês. Ele saiu da casa de seus pais uma semana depois que os pais de Petito alertaram as autoridades sobre o desaparecimento dela.
Os dois viajavam em uma van pelo Estados Unidos e documentavam a aventura em redes sociais.
Questionado sobre se Laundrie contou a seus pais algo sobre Petito antes de desaparecer, Bertolino disse que isso “não é algo que possa comentar agora”.
Determinar causa da morte pode ser complicado
Mas determinar a causa da morte de Laundrie pode ser um desafio, já que as autoridades recuperaram apenas seus restos mortais e o identificaram por meio de registros dentários, disse o FBI.
Clemente, o ex-criador de perfis do FBI, disse à CNN que é uma possibilidade que Laundrie pode ter morrido há mais de um mês – enquanto as autoridades ainda procuravam por ele.
“Vai ser muito mais difícil fazer uma determinação boa e sólida quanto à causa e maneira da morte, a menos que haja algum tipo de traumatismo craniano que possa ser identificado”, explicou.
“Pode não haver uma maneira de determinar como ele morreu. Se ele se afogou, por exemplo, não haveria nenhuma evidência disso em seu esqueleto.”
Pouco antes de o FBI divulgar a identificação dos restos mortais, dois detetives locais visitaram a casa dos pais de Laundrie em North Port.
“Chris e Roberta Laundrie foram informados de que os restos encontrados ontem na reserva são de fato de Brian”, disse Bertolino, na quinta-feira. “Não temos mais comentários neste momento e pedimos que respeitem a privacidade da família Laundrie neste momento.”
Os pais juntaram-se à busca na manhã de quarta-feira (20) e encontraram uma bolsa pertencente ao filho no parque, o que o advogado da família descreveu como “casualidade”.
“Eles meio que conheciam seus lugares favoritos. Eles disseram aos policiais desde o início onde Brian provavelmente estaria, nas áreas do parque”, disse Bertolino ao “Good Morning America”.
A área estava inundada quando eles olharam antes, disse o advogado.
Questionado sobre se os pais acham que ele cometeu suicídio, Bertolino disse que havia discutido essa possibilidade com eles “várias vezes”.
“Nós simplesmente não sabemos”, disse. “Claro, saber seu estado mental quando ele saiu de casa, sempre foi uma preocupação.”
“Brian ficou extremamente chateado”, disse Bertolino quando questionado sobre por que seus pais pensavam que ele estava de luto.
“Eles gostariam de tê-lo impedido, gostariam de tê-lo impedido de sair, mas ele estava decidido a ir embora”, disse Bertolino.
Busca em ‘condições traiçoeira’
A busca exaustiva por Laundrie se estendeu por mais de um mês depois que seus pais disseram à polícia que acreditavam que ele tinha ido para a reserva.
O xerife do condado de Lee, Carmine Marceno, disse que a polícia tem feito buscas em “condições traiçoeiras”, incluindo água quase na altura do peito em locais cheio de cobras e crocodilos.
“Estas são condições muito, muito difíceis. Você está procurando em áreas que simplesmente não consegue andar e olhar. Não é como se estivesse procurando em uma casa ou um carro”, disse ele. “Essas áreas são enormes e estão cobertas por água.”
Os restos mortais de Laundrie foram encontrados “cerca de 3 a 4 quilômetros dentro da Reserva Carlton, ou cerca de 45 minutos a pé” da entrada do Parque Ambiental Myakkahatchee Creek, disse o porta-voz da polícia de North Port, Josh Taylor.
O Myakkahatchee Creek Environmental Park fica em 64,7 hectares de terreno densamente arborizado em North Port, com trilhas e uma área de camping. O parque se conecta à Reserva Carlton, uma reserva natural de 10 mil hectares, que era o principal local de busca de investigadores.
Os pesquisadores já haviam usado buggies, mergulhadores e aerobarcos para vasculhar o terreno pantanoso, mas a área secou recentemente devido ao tempo mais ensolarado.
Steve Almasy, Rebekah Riess, Taylor Romine, Devon M. Sayers, Gregory Lemos, Nick Valencia e Theresa Waldrop contribuíram para esta reportagem
(Texto traduzido; leia o original em inglês)