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    Entenda como o teto de gastos do governo afeta a vida dos brasileiros

    Ter um teto de gastos é justamente a garantia de proteção para que não haja descontrole econômico, mas ele acabou virando um inimigo público número um

    Thais HerédiaFernando Nakagawado CNN Brasil Business Em São Paulo

    Em meio à busca por alternativas para tirar o Auxílio Brasil do papel por meio do furo do teto de gastos proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, já tem reflexo no dia a dia do brasileiro. Começando pelo mercado financeiro que já reagiu à proposta de Guedes e ao crescente risco de investir no Brasil com a queda da bolsa e o aumento do dólar.

    Neste momento, o dólar está subindo e a bolsa está caindo. No mercado de juros futuros, operações para daqui a um ano já têm juros de 10%. Isso mostra que há uma desconfiança generalizada a essa tentativa de driblar o teto de gastos. Afinal, sem o teto de gastos, o governo pode gastar o quanto quiser, e isso é um péssimo sinal para o mercado financeiro, que empresta dinheiro para o governo. É um risco de calote, caso o governo gaste muito e não consiga pagar devidamente.

    Lembrando que o teto de gastos é como uma “âncora fiscal” que garante que o transatlântico Brasil não se perca no oceano. Sem o teto de gastos, o governo pode gastar o quanto quiser. E o teto de gastos virou esse inimigo público número um, sendo que ele é justamente a garantia de proteção, ou como falamos em “economês”, a “âncora fiscal” da política econômica brasileira, porque tem exatamente esse papel.

    Imagine que o país é um transatlântico que está ancorado com o teto de gastos para que todo mundo tenha a certeza de que, mesmo que ele queira usar um pouco mais para fazer um atendimento circunstancial e emergencial, como é o caso de pagar auxílio a essas pessoas, ele não vai sair desgarrado. A âncora manterá o transatlântico onde ele tem que estar. O Brasil precisou adotar essa “âncora fiscal” quando ficou absolutamente claro que essa segurança se perderia pelo oceano.

    As consequências de não ter essa “âncora fiscal” estão, justamente, na capacidade de pagar não só os títulos e investimentos, mas financiar políticas públicas que atendem milhões de pessoas, ou ainda falando de investimentos na ciência e tecnologia, como discutido há poucos dias. E então falamos de um governo não gera riqueza e se endivida.

    Toda a situação é uma bola de neve que atinge a economia brasileira de forma geral, desde o preço do dólar até a geração de empregos.

    E nós, que estamos no transatlântico sentimos de outras maneiras, não apenas aqueles que emprestam dinheiro para o governo, mas de uma forma geral: essa bagunça aumenta a inflação e o dólar, o que faz com que o Banco Central tenha que subir o juro. E o juro alto significa que a economia fica mais lenta, mais fria, mais cara, o que gera menos emprego e menor renda. Tudo está correlacionado e afeta sim o dia a dia.