Imprensa internacional repercute relatório da CPI da Pandemia
Documento de 1.178 páginas foi divulgado na íntegra nesta terça-feira (19)
O relatório da CPI da Pandemia foi divulgado na íntegra nesta terça-feira (19). Os principais veículos de comunicação repercutiram o parecer do documento, que será lido na sessão da comissão desta quarta-feira (20).
Com 1.178 páginas, o relatório traz 72 indicações de indiciamento – sendo 70 pessoas e 2 empresas – como divulgado pela CNN mais cedo. Na noite desta terça-feira, o grupo de senadores que coordena os trabalhos da CPI decidiu retirar o crime de genocídio contra os indígenas do relatório final.
Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), manteve um número amplo de acusações contra o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos Carlos, Flavio e Eduardo Bolsonaro, além de ministros e ex-ministros.
Veja como a imprensa internacional repercutiu o relatório:
New York Times
O jornal norte-americano destaca que os membros da CPI da Pandemia devem recomendar acusações de homicídio em massa contra o presidente Jair Bolsonaro, por intencionalmente deixar o coronavírus dominar no país e matar milhares de pessoas “em uma tentativa fracassada de obter imunidade coletiva e reviver a maior economia da América Latina”.
O periódico também enfatizou a polarização do país, de forma a refletir “as profundezas da raiva contra um líder que se recusou a levar a sério a pandemia”.
A reportagem do New York Times diz que o relatório pode provar uma grande escalada nos desafios enfrentados por Bolsonaro, que enfrenta a reeleição no próximo ano e está sofrendo uma queda de popularidade.
CNN
As acusações de homicídio em massa contra o presidente Jair Bolsonaro, no relatório da CPI da Pandemia, também foram destacadas na reportagem da emissora norte-americana.
“Os trechos mostram que o relatório da investigação efetivamente culpa as políticas do governo Bolsonaro por mais da metade dessas mortes e pede acusações de assassinato contra o presidente”, destaca a publicação.
Se aprovado pela Comissão do Senado na próxima semana, o relatório será encaminhado ao procurador-geral da República Augusto Aras, que terá 30 dias para anunciar as medidas decorrentes do relatório.
“Aras, amplamente visto como um aliado de Bolsonaro, não deve acusar o presidente de assassinato”, destaca a reportagem da CNN.
El País
A intenção do presidente em promover a imunidade de rebanho foi destacada pelo periódico espanhol El País. O jornal falou sobre a acusação de homicídio em massa contra o presidente Jair Bolsonaro, com a expansão da pandemia no Brasil.
A acusação contra mais de 70 pessoas, sendo muitos membros do governo, também foi abordada pelo veículo.
“O relatório mostra como o presidente criou uma cortina de notícias falsas para esconder os fracassos de seu governo no combate à pandemia. A comissão de investigação conta em 1.178 páginas e 16 capítulos como Bolsonaro se cercou de uma equipe de médicos, políticos e empresários para defender tratamentos sem respaldo científico que agiam contra as diretrizes técnicas do Ministério da Saúde”, apontou o El País.
Clarín
“A Comissão do Senado vai acusar Bolsonaro de “homicídio” e “genocídio” por lidar com a pandemia”, destaca o jornal Clarín da Argentina.
“As alegações aparecem em um relatório de quase 1.200 páginas que efetivamente culpa as políticas do Bolsonaro pelas mortes de mais de 600.000 brasileiros”, diz a reportagem. Que também destaca as acusações contra os filhos de Bolsonaro e membros do governo federal.
The Guardian
O jornal britânico fala sobre as acusações do Senado contra o presidente Jair Bolsonaro e destaca que o relatório aponta o líder de extrema-direita como o responsável por um total de 11 crimes, incluindo crimes contra a humanidade, incitação ao crime e charlatanismo, por sua promoção “obstinada” de remédios ineficazes, como o medicamento antimalárico hidroxicloroquina.
“O texto do relatório pinta um retrato devastador da negligência, incompetência e negação anticientífica que muitos acreditam ter definido a resposta do governo Bolsonaro a uma emergência de saúde pública que matou mais de 600.000 brasileiros”, afirmou a reportagem do The Guardian.
Reuters
A agência de notícias destacou sobre o relatório, além da acusação de homicídio contra o presidente Jair Bolsonaro, que os erros do presidente provocaram milhares de mortes no Brasil.
“Bolsonaro considerou a investigação motivada politicamente. É altamente improvável que ele enfrente um julgamento por qualquer dessas acusações, que teria de ser apresentado pelo procurador-geral do Brasil – um candidato à presidência que ele indicou. Diz a Reuters, referindo-se ao procurador-geral da República Augusto Aras.
A Reuters diz que o documento, preparado pelo senador de oposição Renan Calheiros, “alega que Bolsonaro recusou deliberadamente as primeiras ofertas de compra de vacinas, atrasando a campanha de vacinação do Brasil e custando cerca de 95.000 vidas”.
Libération
“Acredita-se que as políticas irresponsáveis de Jair Bolsonaro durante a pandemia Covid-19 sejam responsáveis pela morte de mais de 300.000 brasileiros, metade do total de mortes atribuíveis à pandemia”, destaca a reportagem do jornal francês Libération, ao repercutir o relatório da CPI da Pandemia.
O jornal afirma que a CPI vem trabalhando há vários meses na “política criminosa” do presidente, revelando conclusões contundentes no relatório.
A publicação também afirma que o presidente promoveu aglomeração, desencorajou o uso de máscaras e foi cético quanto à vacina contra a Covid-19.