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    Estender auxílio sem espaço orçamentário pode agravar inflação, diz economista

    Beatriz de Araújo, que é economista e mestre em administração pública, destaca importância da continuidade do benefício, mas com atenção para teto de gastos

    Produzido por Juliana Alves e Ludmila Candalda CNN , Em São Paulo

    A extensão do auxílio emergencial sem indicar uma fonte de pagamento no Orçamento pode agravar a inflação do país, avalia a economista e mestre em administração pública Beatriz de Araújo.

    Em entrevista à CNN, ela destaca que a continuidade de um programa de transferência de renda é essencial, evidenciada ainda mais por uma situação de desemprego que não é temporária e pela fome.

    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na segunda-feira (18), durante visita a Minas Gerais, que deve resolver nesta semana detalhes para estender o auxílio emergencial.

    “Mas não temos espaço orçamentário para um programa que aumente o benefício num valor muito alto”, diz Araújo. “O governo precisa fazer muito bem as contas porque, se não achar espaço fiscal, pode-se agravar o problema da inflação, que será ainda pior para os trabalhadores e brasileiros que mais precisam desse auxílio.”

    A especialista também aponta que, do ponto de vista técnico, os programas de transferência de renda que têm melhores resultados são os condicionais, ou seja, que impõe condições para os beneficiários terem acesso à renda.

    “A natureza do auxílio emergencial é ser um programa sem condicionalidade. Então, vai persistir o problema de identificar quem são essas pessoas [que necessitam do benefício]”, diz. Por isso, Beatriz Araújo defende que o pagamento do auxílio continue tendo como base pessoas já inscritas em outros programas sociais.

    Uma possibilidade analisada para prorrogar o auxílio emergencial sem furar o teto de gastos é a manutenção do estado de calamidade pública, que entrou em vigor no início da pandemia.

    Para a economista, a atual situação epidemiológica e econômica do país não justifica que seja decretado estado de calamidade. “Isso me parece ser uma manobra política preocupante. Se o Brasil ultrapassa o teto de gastos, gera desconfiança enorme nos investidores e atores econômicos, e isso pode acelerar a inflação e agravar o problema que hoje afeta as pessoas de baixa renda.”

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