América Latina não está equipada para fluxo de migrantes, diz especialista
À CNN Rádio, Manuel Furriela explicou as causas da crise migratória na América Latina
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O professor de direito internacional e fundador da comissão da OAB/SP do Direito do Refugiado, Manuel Furriela, avalia que os governos da América Latina não estão equipados para lidar com a crise migratória na região.
Em 2020, por exemplo, os migrantes internacionais representavam 2,6% da população total da América do Sul, um aumento de quase 1% do registrado em 2015. Os dados são da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Em entrevista à CNN Rádio, Furriela afirmou que a crise se estende por todos os países latinos e são muitas as causas, como a instabilidade histórica em alguns locais e, paralelamente, as melhores condições em outros, que se tornam mais atrativos.
“A gente tem a Venezuela, que há muitos anos passa por profunda crise humanitária e econômica, com empobrecimento, desabastecimento, desemprego e perseguição do governo a opositores”, disse.
Além dela, há o Haiti: “É a segunda grande origem, que é o mais pobre das Américas, passa por crises políticas e ambientais muito sérios, processo de desertificação, tufão, maremotos, de tempos em tempos gera grande número de pessoas saindo de lá”.
Da mesma forma, segundo o professor, países como o Chile, com estabilidade econômica, Colômbia e até mesmo o Brasil são mais atrativos para receber o contingente de migrantes.
“O Brasil está entre as 10 maiores economias no mundo apesar dos problemas, o Chile é provavelmente o mais desenvolvido. É um grande desafio, grandes países ‘recebedores’ não têm infraestrutura adequada para atender o grande fluxo, estar melhor no cenário não significa ter plenas condições”, analisou.
No caso específico do Brasil, Furriela elogiou o Projeto Acolhida, estabelecido durante o governo Temer, mas fez ressalvas: “O projeto em si, traz atendimento mínimo, alimentação, moradia provisória, projeto interessante, funciona bem, mas na incorporação dessas pessoas, que é a segunda etapa, temos muitas falhas, há marginalização e desafio de desemprego.”