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    Países da Amazônia têm dever moral de proteger região, diz Iván Duque à CNN

    "Estamos trabalhando por mais comércio, mais investimentos", disse o presidente da Colômbia em entrevista exclusiva à CNN

    Lourival Sant'Anna

    Brasil e Colômbia têm tradicionalmente uma relação muito estreita, por causa de sua fronteira seca de 1.644 km, super porosa, que os dois países têm imensa dificuldade de controlar, assim como os problemas e características comuns. Essa proximidade só aumentou com a chegada ao poder de Iván Duque, em 2018, e Jair Bolsonaro, no ano seguinte, que têm posições ideológicas parecidas.

    Duque se reúne na manhã desta terça-feira (19) com Bolsonaro em Brasília, numa visita há muito planejada, mas adiada pela pandemia.

    Antes, nessa segunda-feira (18), ele passou o dia inteiro reunido em São Paulo com grandes empresários brasileiros e executivos de filiais colombianas instaladas no Brasil, uma agenda cronometrada, que prova os intensos investimentos e comércio entre os dois países.

    Duque reservou um espaço nessa agenda concorrida para receber a CNN no hotel em que estava hospedado. Na entrevista exclusiva, em que o presidente colombiano fez questão de gastar seu “portunhol”, e também seu inglês, ao responder a perguntas enviadas pela CNN Internacional, ele demonstrou enorme familiaridade com os temas de desenvolvimento sustentável e preocupação com a Amazônia.

    “Todos os países amazônicos temos um grande dever moral de proteger a Amazônia”, disse Duque, a duas semanas do início da COP26, a Conferência da ONU sobre Mudança Climática, em Glasgow, Escócia.

    “Todos temos de atuar de maneira cooperativa para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Precisamos que a comunidade internacional destine recursos e apoie nossos esforços em trabalhar com as comunidades indígenas para pôr fim à longa historia de desmatamento e destruição da Amazônia.”

    O presidente colombiano disse que acredita que “um grande trabalho em equipe dos setores privado e público”, em cooperação com a sociedade civil, “pode resultar em uma oportunidade única”. Afinal, argumentou, “é um território que no ano passado capturou mais de 2 bilhões de toneladas de CO2 para a proteção de todo o planeta”.

    A estratégia de Duque é “trabalhar com a micro e a pequena empresa e também pôr fim a incentivos perversos do passado, como o corte ilegal de madeira”. Em lugar disso, “fomentar as cadeias produtivas sustentáveis, com frutos amazônicos, por exemplo”. Nesse ponto, ele cita o exemplo da empresa brasileira Natura, que atua na Colômbia.

    O governo colombiano está efetuando mudanças regulatórias para impulsionar o ecoturismo na Amazônia, que já é há muito tempo explorado com mais criatividade na Colômbia do que no Brasil. Nos parques nacionais na Amazônia colombiana, índios trabalham como guias, dão palestras sobre sua cultura e vendem produtos, valorizando suas tradições e tirando renda delas.

    Sobre suas expectativas quanto ao encontro com o presidente brasileiro, Duque afirmou: “Tenho grande respeito pelo presidente Bolsonaro, um grande amigo da Colômbia. Tem sido um parceiro muito importante na fronteira para enfrentar o crime transnacional, o narcotráfico, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e garimpo ilegal”.

    “A parceria das nossas polícias também é muito relevante”, acrescentou Duque, em cuja comitiva está o diretor-geral da Polícia Nacional, Jorge Luis Vargas, além dos ministros da Saúde, Agricultura, Comércio, Indústria e Turismo, Meio Ambiente e Ciência, e da vice-ministra da Defesa.

    “Nossa relação chegou a um ponto estratégico”, avaliou o presidente. “Os investimentos da Colômbia no Brasil e vice-versa estão crescendo exponencialmente em muitos setores e podem ter benefícios comuns. Nossa relação é de irmandade com o Brasil, e queremos consolidá-la.”

    Embora Duque estivesse mais próximo ideologicamente de Donald Trump do que de Joe Biden, ele afirma que a troca de comando na Casa Branca não afetou as relações com os Estados Unidos. “A relação bilateral não é um tema ideológico”, afirmou. “Queremos consolidar uma parceria com os Estados Unidos para além do ideológico, que seja bipartidária, com o Congresso americano.”

    Ele acrescentou: “Não importa o partido do presidente da Colômbia e dos Estados Unidos. Estamos trabalhando por mais comércio, mais investimentos, por aumento da competitividade de nossas indústrias, e pelo beneficio comum para nossos povos.”

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