Israel deixará de conceder vistos automaticamente a trabalhadores da ONU
Medida reforça tensão entre governo israelense e a Organização das Nações Unidas; pedidos de visto serão avaliados caso a caso
Israel deixará de conceder vistos automaticamente aos colaboradores das Nações Unidas, disse um porta-voz do governo nesta terça-feira (26), acrescentando que o país irá, em vez disso, processar os pedidos caso a caso.
Durante coletiva de imprensa, o porta-voz do governo, Eylon Levy, disse: “Durante muito tempo, as autoridades internacionais têm desviado a culpa (sobre o conflito) para Israel, para esconder o fato de estarem encobrindo o Hamas”.
Caracterizando o anúncio como “uma atualização sobre o envolvimento profundamente problemático das Nações Unidas neste conflito”, Levy observou que a ONU não condenou o Hamas por sequestrar ajuda humanitária e travar a guerra fora dos hospitais.
“Eles têm sido parceiros cúmplices na estratégia de escudos humanos do Hamas”, disse, complementando que a ONU decepcionou o mundo e que Israel daria o exemplo para exigir maior responsabilização do organismo internacional.
Contexto
Os diplomatas israelenses têm utilizado as suas plataformas na ONU para denunciar o organismo mundial desde o início da guerra. No final de Outubro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um discurso no qual condenou o ataque de Hamas, mas disse que não aconteceu “no vácuo” e que os palestinianos foram “sujeitos a 56 anos de ocupação sufocante” por Israel, aumentando as tensões.
No início deste mês, Israel revogou o visto de Lynn Hastings, coordenadora humanitária das Nações Unidas, devido ao que chamou “preconceito da ONU”.
Dias depois, Guterres invocou um poder raramente utilizado no Conselho de Segurança no seu esforço determinado para um cessar-fogo em Gaza, causando mais indignação entre os diplomatas israelenses.