Acidente com submarino de guerra dos EUA no Mar do Sul da China será investigado
Submarino, que atravessava um dos ambientes subaquáticos mais difíceis do mundo, atingiu objeto não identificado; tripulantes ficaram feridos
O submarino da Marinha dos Estados Unidos que atingiu um objeto subaquático “não identificado” no Mar do Sul da China na semana passada estava operando em um dos ambientes submarinos mais difíceis do mundo, de acordo com análises.
O local por onde o submarino passava é cheio de ruído de navios e tem o fundo do mar com contornos em constante mudança que podem surpreender qualquer tripulação, disseram os analistas.
Nesta quinta-feira (7), autoridades de Defesa dos EUA não deram detalhes do acidente que aconteceu ao USS Connecticut, mas a Marinha informou que uma investigação completa do acidente será feita.
O governo dos EUA revelou apenas que marinheiros a bordo ficaram feridos quando o submarino atingiu o objeto no Mar do Sul da China.
O comando da tripulação afirmou que os ferimentos foram leves. O submarino chegou à base naval dos Estados Unidos na ilha de Guam nesta sexta-feira (8).
Investigação sobre acidente
Um porta-voz da Marinha disse à CNN que a frente do submarino foi danificada e que haveria uma “investigação e avaliação completa” do incidente.
O USS Connecticut é um dos três submarinos da classe Seawolf da frota da Marinha, com um preço de cerca de US$ 3 bilhões cada. O submarino de 9.300 toneladas, comissionado em 1998, é movido por um único reator nuclear e tripulado por até 140 marinheiros.
Como é maior do que até mesmo os mais novos submarinos de ataque dos Estados Unidos, o Connecticut pode carregar mais armamento do que outros submarinos de ataque com capacidade de até 50 torpedos, bem como mísseis de cruzeiro Tomahawk, de acordo com um informativo da Marinha dos EUA.
E apesar de ter mais de 20 anos de uso, também é tecnologicamente avançado com atualizações em seus sistemas realizadas durante sua vida útil. A Marinha diz que é o submarino “excepcionalmente silencioso, rápido, bem armado e equipado com sensores avançados”.
“Esses submarinos têm algumas das mais avançadas, na verdade as mais avançadas, capacidades subaquáticas do mercado”, disse Alessio Patalano, professor de guerra e estratégia do King’s College, em Londres.
Como isso causou problemas no Mar do Sul da China?
Embora a Marinha não tenha revelado o que o Connecticut atingiu, analistas dizem que as condições no Mar do Sul da China podem ser um desafio até para os mais sofisticados sensores do submarino.
“Pode ter sido um objeto pequeno o suficiente para passar despercebido por sonares em um ambiente barulhento”, disse Patalano.
De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, as embarcações navais usam o que é chamado de “sonar passivo” para detectar objetos na água ao seu redor.
Ao contrário do “sonar ativo”, que envia avisos e depois registra quanto tempo seus ecos levam para retornar à embarcação, o sonar passivo detecta apenas o som vindo em sua direção.
Isso permite que o submarino fique quieto e escondido dos adversários, mas significa que os submarinos devem contar com outros dispositivos ou vários sonares passivos para triangular a localização de um objeto em seu caminho.
Como o Mar do Sul da China é uma das rotas marítimas e áreas de pesca mais movimentadas do mundo – todos os tipos de ruídos de navios podem mascarar o que pode representar um perigo para o submarino abaixo, disseram analistas.
“Dependendo do local em que o incidente ocorreu, interferências de ruído [geralmente da navegação na superfície] podem ter afetado os sensores, ou mesmo o uso deles pelos operadores”, disse Patalano.
E não é apenas o transporte marítimo que pode representar problemas para um submarino no Mar do Sul da China, disse Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA e ex-diretor de operações do Centro Conjunto de Inteligência do Comando do Pacífico dos EUA.
“É uma área com um ambiente acústico muito pobre”, disse Schuster, com até a própria natureza das águas criando problemas.
“O ruído ambiente das correntes que passam entre as ilhas e as condições inconsistentes da água afetam a recepção acústica”, acrescentou. Também é possível que algo vindo de baixo possa ter causado um problema, disse Schuster.
“O ambiente dessas águas e o fundo do mar estão em um estado de mudança lenta, mas inexorável”, disse Schuster. “É uma área que requer mapeamento constante do contorno do fundo. Você pode atingir uma montanha subaquática desconhecida lá embaixo.”
“É por isso que os países daquela região, os EUA e a China, estão constantemente os pesquisando e patrulhando”, completou. O acidente foi o segundo envolvendo um submarino na região este ano. Em abril, um submarino indonésio naufragou no Estreito de Bali, matando todos os 53 tripulantes a bordo.
Oficiais da Marinha da Indonésia disseram que o acidente foi causado por “um fator natural e ambiental”, mas não deram mais detalhes.
(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)