Cientistas descobrem inibidor do vírus da dengue capaz de frear infecção
Estudo da Universidade de Leuven, na Bélgica, testou molécula que se mostrou ‘altamente potente’ na redução da carga viral da dengue e suas variantes em camundongos
Cientistas belgas descobriram um inibidor do vírus da dengue capaz de frear a infecção em camundongos. Os resultados foram publicados na quarta-feira (6) na revista científica Nature e se mostraram uma nova esperança para a doença que não tem tratamento específico e afeta mais de 100 milhões de pessoas a cada ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, e com alta incidência no Brasil.
A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti e em 2020 afetou quase 1 milhão de pessoas no país, de acordo com o Ministério da Saúde. A forma de prevenir a doença é evitar a proliferação do mosquito, que cresce em água suja e parada, especialmente em regiões mais quentes.
Não existem agentes antivirais disponíveis para prevenir ou tratar a dengue, mas uma equipe de cientistas liderada pelo virologista Johan Neyts, da Universidade de Leuven, na Bélgica, encontrou um inibidor do vírus “altamente potente”, segundo a pesquisa.
Os cientistas identificaram moléculas que inibem o vírus da dengue em testes realizados com culturas de células de camundongos. A molécula que se mostrou mais eficaz para conter a replicação do vírus foi batizada de JNJ-A07 e também se mostrou eficaz contra os subtipos da dengue.
“A molécula tem um perfil farmacocinético favorável que resulta em excelente eficácia contra a infecção pelo vírus da dengue em modelos de infecção em camundongos”, descreveu a pesquisa.
O vírus da dengue tem diferentes subtipos (variantes) que surgem à medida que ele se espalha. Um possível antiviral contra a dengue seria capaz de proteger contra diferentes subtipos do vírus, sugerem os pesquisadores.
Atualmente, não há um tratamento específico para tratar a doença, mas apenas o uso de medicamentos para melhorar os sintomas.
A dengue na forma menos grave envolve dores no corpo, febre alta e vômitos; e na forma mais grave se transforma em dengue hemorrágica, com os mesmos sintomas e sangramento em órgãos do corpo, exigindo a hospitalização de emergência.
Segundo os pesquisadores, a molécula encontrada reduziu a carga viral em camundongos que receberam uma dose oral do antiviral.
O composto foi testado tanto em forma preventiva quanto como tratamento, mostrando a mesma ‘alta eficácia’ pelo fato de a molécula interferir na replicação do vírus da dengue e por conseguir bloquear a interação de duas proteínas ligadas à replicação do vírus, a NS3 e a NS4B.
O próximo passo é testar o antiviral em ensaios clínicos in vitro com células humanas, segundo os pesquisadores.