Indústria segura ganhos do mercado brasileiro com melhora do bom humor externo
Morning Call, com Priscila Yazbek, destaca o de mais importante na economia mundial e nacional nesta terça-feira (5)
Os mercados começaram a terça-feira (5) em movimento de recuperação, de olho na melhora do humor externo. Ainda durante a manhã, porém, o comportamento dos investidores mudou no Brasil, após divulgação dos dados de produção industrial referentes a agosto, que vieram bem abaixo do esperado, sugerindo um ritmo lento da economia brasileira no terceiro trimestre.
No exterior, apesar da correção nas bolsas, as preocupações com a crise de energia seguem no radar. Uma tempestade perfeita se formou no mercado global: a demanda por energia subiu acima do esperado com o avanço das vacinações.
A China passou a demandar mais energia do mundo com restrições internas ao carvão para reduzir a poluição até a Olimpíada de Inverno. Ao mesmo tempo, a oferta ficou mais restrita com transição verde, já que energias renováveis são mais dependentes do clima.
O resultado foi a alta dos combustíveis e do petróleo. Para piorar, ontem, na reunião da Opep, países produtores decidiram manter a produção de barris prevista, apesar das pressões para elevar a oferta e esfriar os preços. O barril passou dos US$ 81.
Petróleo em alta aumenta a inflação e as perspectivas de elevações de juros pelos bancos centrais pra conter preços.
As bolsas perdem atratividade, mas as ações de tecnologia sofrem ainda mais. Seus retornos são de longo prazo, então quando os juros da renda fixa aumentam, fica menos vantajoso ir para essas ações. Os analistas fazem o chamado valuation: calculam quanto elas valem trazendo fluxos a valor presente e fazem isso descontando juros. Por isso, quanto maior a taxa pior para elas.
Destaque para as ações do Facebook, que caíram quase 5%. Além da queda geral das techs, pesaram as falhas de ontem e as declarações da ex-cientista de dados da empresa, que disse que a empresa de Mark Zuckerberg coloca o lucro antes da segurança dos usuários.
Para completar cenário de risco lá fora, ontem Joe Biden reforçou que o governo corre risco de romper o teto da dívida. Na China, a empresa Fantasia Holdings não pagou um título de US$ 200 milhões, elevando o temor sobre a crise do setor imobiliário chinês.
Brasil
Com aversão ao risco aumentando lá fora, investidores tiram dinheiro dos emergentes. O Ibovespa caiu mais de 2% na segunda-feira (5).
Questões internas também prejudicam a bolsa. O governo quer avançar em programas sociais, como vale-gás e extensão do auxílio emergencial, para contornar o aumento da rejeição com a inflação.
Com a pressão sobre as contas públicas subindo, a curva de juros voltou a abrir e o real teve a pior performance em uma cesta de 18 moedas.
Agenda do dia
O IBGE acabou de divulgar a produção industrial, que caiu 0,7% em agosto, abaixo das expectativas do mercado, que esperava recuo de 0,4%. Foi a terceira queda seguida. A falta de insumos e alta nos custos de energia prejudicam o setor, principalmente industrias com uso intenso de energia.
Ainda na agenda, o Senado pode votar o novo marco das ferrovias. No exterior, agora de manhã saem PMIs de serviços e PMI composto nos Estados Unidos. Christine Lagarde, presidente do BCE, discursa ao meio-dia.
* O Monrning Call foi ao ar às 9h40, quando o Ibovespa estava em queda. Logo depois, a bolsa brasileira passou a cair com a divulgação dos dados da indústria, que vieram piores do que a expectativa do mercado.