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    Preço de presentes e serviços para o Dia das Crianças sobe menos que a inflação

    Segundo levantamento enviado com exclusividade à CNN, inflação dos produtos e serviços mais consumidos na data comemorativa ficou em 6,18% nos últimos 12 meses

    Mylena Guedesda CNN* , no Rio de Janeiro

    A inflação dos presentes e serviços mais consumidos no Dia das Crianças sofreu uma alta de 6,18%, em média, nos últimos 12 meses, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), obtido com exclusividade pela CNN.

    Apesar da grande variação, que é quase o dobro do ano passado, o percentual ficou abaixo dos 9,19% da inflação geral para o mesmo período, registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC/FGV).

    Segundo o levantamento, presentear as crianças não será tão caro, mas, quem optar por viajar pode sentir o bolso pesar um pouco mais. As despesas de serviços e lazer subiram 7,63%. O item “passeios e férias” lidera o ranking disparado, com variação de 21,22%, bem acima da inflação geral.

    À CNN, o pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha, explica que o impacto vem das passagens aéreas. Segundo ele, o preço do querosene e do câmbio, aliado ao início da retomada na demanda, influenciaram diretamente o resultado dos passeios.

    Peçanha ressalta que ir ao cinema, shows ou teatro, pode ser uma opção mais econômica para celebrar a data, já que as salas de espetáculo não tiveram variação de preço.

    “Como esses lugares tiveram que ficar fechados em um grande período da pandemia, houve ausência da demanda e não conseguem reajustar o preço. Agora, com a retomada, cinemas e teatros tentam segurar o valor das entradas para incentivar a retomada do setor. Apesar dos custos terem aumentado, principalmente a energia elétrica, vão tentar segurar os preços”, afirma o pesquisador.

    Os responsáveis que forem levar as crianças para comer em restaurantes devem sentir uma alta de 4,76% no valor da conta. Já hábitos comuns no dia 12 de outubro, como comprar um sorvete, terão um aumento de 3,53%.

    Enquanto isso, em relação aos presentes, a cesta dos 11 produtos mais tradicionais, entre bonecas e celulares, sofreu um aumento médio de 2,04%. A maior pressão inflacionária foi registrada, principalmente, nos “derivados metálicos”, que são as bicicletas (6,95%), TVs (5,89%) e computadores (4,78%).

    “A gente teve no começo deste ano um problema nas cadeias de produção de diversos materiais metálicos, principalmente componentes que envolviam tecnologia. A escassez de matéria-prima nessas indústrias comprometeu a oferta, o que gerou essa alta no produto final”, explicou Peçanha.

    Os presentes com maior variação, no entanto, são os artigos esportivos, como camisas de clubes, que apresentaram variação de 8,6%. A indústria têxtil também registrou impacto nos calçados infantis (5%).

    O alívio na cesta de presentes ficou por conta dos celulares (-1,13%) e livros (-0,94%), únicos produtos que tiveram baixa em toda a lista para a data. De acordo com Peçanha, apesar de alguns motivos para comemorar, o momento pede cautela.

    “A condição do mercado de trabalho ainda é muito desfavorável para a maioria das famílias. O desemprego está à beira dos 15% e a recuperação da confiança com a retomada dos serviços e do comércio ainda patina. Com isso, a economia não está aquecida e o cenário no mercado de trabalho é excludente para muitos pais e mães, que ainda não estão em condições de gastar”, destacou o pesquisador.

    Brinquedos
    Cesta dos 11 produtos mais tradicionais, entre bonecas e celulares sofreu um aumento médio de 2,04% / Jerry Wang / Unplash

    Mesmo com contas em atraso, 33% dos consumidores pretendem gastar na data

    Em todas as capitais brasileiras, cerca de 72% dos brasileiros devem ir às compras no Dia das Crianças, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC BRASIL).

    Entre os entrevistados que vão presentear, 33% estão atualmente com alguma conta em atraso, sendo que 63% desses estão inadimplentes. Além disso, 7% pretendem deixar de pagar alguma conta para conseguir comprar a lembrança.

    Apesar do comportamento impulsivo ser evidente, a maioria (79%) pretende pesquisar os preços antes de comprar o presente. A internet será o principal local de pesquisa, em seguida, os shoppings.

    A data, que representa a última festa comemorativa antes do Natal, deve movimentar cerca de R$ 10,93 bilhões no Brasil. Em média, os consumidores pretendem comprar 2 presentes, com gasto médio de R$200.

    Os produtos serão pagos à vista por 82% dos consumidores, já 38% devem pagar parcelado, com média de quatro prestações.

    Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, “o pagamento integral no momento da compra pode ser importante para o orçamento em um momento em que o desemprego segue elevado e o consumidor deve evitar compromissos financeiros de longo prazo”.

    Ainda segundo Costa, a data dará ao mercado de consumo as primeiras impressões de como será o desempenho das vendas no fim do ano e a vacinação contra a Covid-19 da esperança para o setor.

    “Há muitas expectativas em relação ao Dia das Crianças, porque pode sinalizar um Natal com crescimento nas vendas. A retomada das atividades e o avanço da vacinação dão esperança ao setor, que conta com o aumento das vendas para compensar as perdas dos últimos dois anos causadas pela pandemia”, ressalta.

    *Sob supervisão de Helena Vieira

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