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    Impulsionada por exportações, indústria pesada é a mais otimista do setor

    Apesar de queda generalizada no índice de confiança da indústria, segmentos de metalurgia e maquinário vivem cenário mais positivo de olho no exterior

    Tamires VitorioCleber Souzado CNN Brasil Business* , em São Paulo

    A confiança na indústria brasileira caiu em todos os trinta setores analisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), segundo o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) divulgado nesta quarta-feira (29). Esta é a primeira queda de confiança em todos os setores desde março de 2021.

    Apesar do declínio, a CNI avalia que não existe uma tendência de desconfiança no setor. A entidade diz seguir com uma expectativa otimista para os próximos meses e indica que, apesar dos recuos, o resultado de setembro também é visto com bons olhos. “Quando levamos em conta os últimos três meses, vemos que seguimos em um cenário otimista, mesmo que com moderação”, afirmou a economista da entidade, Larissa Nocko.

    Para Mauro Rochlin, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fatores como a alta da inflação e as perspectivas referentes ao cenário político-econômico no país, podem ter contribuído para essa queda na confiança.

     

    O segmento da indústria pesada – metalurgia e máquinas e equipamentos – é o que apresenta o maior patamar de confiança, sendo 63,2 pontos e 61 pontos respectivamente.

    Rochlin explica que, especificamente sobre o otimismo do segmento, é difícil usar apenas um mês como referência para entender esse cenário de uma posição relativamente melhor do segmento de metalurgia. Para o professor, ainda há uma demanda reprimida, mas a retomada gradativa da economia pode apresentar um cenário confiante ainda maior nos próximos meses.  “Talvez isso explique a avaliação que o setor faz a respeito do seu desempenho.”

    Na avaliação do economista Rodrigo Araújo, professor do Ibmec-SP, o cenário externo responde pelo otimismo. “A expectativa positiva da indústria pesada, principalmente a metalúrgica, tem mais a ver com a retomada, com o plano de infraestrutura nos Estados Unidos e o desempenho das cadeias de produção”, analisa.

    Maquinário

    Nesta quarta, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgou que o segmento registrou vendas acima do esperado em agosto, impulsionada por exportações e por demanda de infraestrutura.

    Segundo a entidade, o faturamento ficou em R$ 20,2 bilhões, uma alta de 16,7% em agosto contra julho e de 25,6% em relação a um ano antes. O consumo aparente, que considera máquinas produzidas no país e importadas, cresceu 8,9% ante julho e 16,6% sobre um ano antes. As exportações saltaram 19,4% ante julho e 78,4% ante agosto do ano passado, para US$ 912,8 milhões.

    “O setor, que vinha em crescimento nos últimos meses, reforçou essa recuperação em agosto, com desempenho acima das expectativas, puxado pelas exportações”, disse a diretora de economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella.

    Segundo Zanella, a Abimaq começou o ano com expectativa de que as vendas do setor cresceriam 12% em 2021. Essa previsão foi depois revista para 18%. Agora, a avaliação é que o faturamento vai ter uma alta para além de 20%.

    A indústria de máquinas e equipamentos fechou agosto com 83,6% da capacidade instalada ocupada, nível visto pela última vez entre os anos de 2007 e 2008, segundo os dados da entidade.

    Zanella lembrou que a indústria nacional teve encolhimento forte nos últimos anos e que os investimentos feitos para compra de máquinas e equipamentos ainda ficaram abaixo do necessário para repor a depreciação natural.

    Segundo ela, com o cenário de incertezas da economia, com aumento da inflação e alta de juros, indicadores de confiança dos empresários da indústria têm mostrado queda nos últimos dois meses, “mais pelo mercado interno que pelas exportações”.

    A expectativa da entidade é que a recuperação do setor se estenda para 2022, impulsionada ainda pelas exportações e pela entrada em operação de contratos de concessão de infraestrutura. “Mas a pressão inflacionária não tem como não impactar na atividade econômica”, disse Zanella.

    Icei

    De acordo com o Icei de setembro, os setores que registraram as maiores quedas de confiança foram: produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal, saindo de 62,5 pontos para 53,4 pontos, uma queda de 9,1 pontos; produtos farmoquímicos e farmacêuticos, passando de 63,4 pontos para 54,9 pontos, um recuo de 8,5 pontos; e máquinas, aparelhos e materiais elétricos, de 65,1 pontos para 57,2 pontos, uma piora de 7,9 pontos.

    Quanto mais perto do limite dos 100 pontos do indicador, mais positivos são os dados sobre a confiança dos entrevistados.

    *Com Estadão Conteúdo e Reuters

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