Testes evitaram que 131 pessoas com Covid-19 entrassem em estádios no Rio
Total de contaminados representou 0,37% dos mais de 34 mil avaliados para três jogos de futebol
A Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou nesta sexta-feira (24) o balanço dos primeiros eventos-teste com público na cidade: jogos de futebol. Nos três eventos, realizados com dupla proteção, pessoas vacinadas contra a Covid-19 e testadas, 131 foram diagnosticadas com a doença e não puderam acompanhar o jogo no estádio. Esse número representa 0,37% dos testados, grupo que inclui espectadores e trabalhadores da organização dos eventos.
No primeiro jogo, realizado em 15 de setembro, a vitória do Flamengo por 4 a 0 sobre o Grêmio pela Copa do Brasil, foram testadas 7.562 pessoas e 68 apresentaram resultado positivo para a Covid-19, o equivalente a 0,9%. Esta foi a maior quantidade em números absolutos.
O segundo evento ocorreu quatro dias depois, o empate em 1 a 1 entre Vasco e Cruzeiro, em São Januário, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Ao todo, 549 pessoas foram testadas e seis estavam com Covid-19 (1,15%), o maior número proporcional, impulsionado pela contaminação de trabalhadores, maior que a de espectadores (4 e 2).
Já nesta quarta-feira (22), dos 22.478 avaliados para acompanhar a vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Barcelona do Equador, jogo de ida das semifinais da Taça Libertadores da América, 57 testaram positivo (0,2%).
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, destacou que o processo de compra de ingressos só é finalizado com a realização do teste nos laboratórios credenciados, e que as pessoas que testaram positivo para Covid-19 não têm acesso aos estádios.
“Quem compra o ingresso e testa positivo não pode sequer retirar o ingresso e sai do laboratório com a recomendação de fazer o isolamento e não se dirigir ao estádio. Os locais de teste não podem ser os de evento justamente para evitar que essas pessoas se misturem com as demais. Esses dados mostram a importância de testar. Há muitos pedidos para que os testes sejam dispensados, mas são necessários”, afirma.
O secretário se mostrou surpreso com o sentimento demonstrado pelas torcidas no retorno aos estádios. Até o momento, apenas os torcedores de Flamengo e Vasco puderam desfrutar da experiência do reencontro.
“A emoção das pessoas é impressionante. Elas estavam há muito tempo sem ir a um estádio. Estamos falando de Covid-19, proteção, mas as pessoas chegaram a beijar o chão do estádio. Parece brincadeira, mas são atividades que, para alguns setores da sociedade não são tão importantes, mas que são muito importantes para algumas pessoas. Se a gente pode estimular que elas estejam em ambiente seguro e mais protegido, é o que a gente precisa fazer”, avalia.
Sobre as críticas recebidas pela liberação de público, o secretário destacou que o município tem trabalhado como que classifica como política de redução de danos. “A gente tem muita certeza que, ou a gente começa a criar opções mais seguras para as pessoas, para reduzir ao máximo a transmissão, com protocolos de proteção, ou a gente vai ter a proliferação de eventos clandestinos que o estado não consegue controlar. A saúde pública precisa dar opções cada vez mais seguras para as pessoas”, conclui.
Eventos sem máscara e distanciamento
O uso de máscara de proteção facial segue obrigatório na cidade do Rio de Janeiro e em estádios de futebol. No entanto, em três dos oito próximos eventos-teste autorizados pelo município, o uso do equipamento não será exigido pelos organizadores dos eventos, com anuência do município. O distanciamento social também estará dispensado. São duas festas para até cinco mil pessoas, em locais abertos, uma no Centro e outra no Alto da Boa Vista, além de uma festa para 500 pessoas. Nos três casos, será necessário apresentar o passaporte da vacina e teste negativo.
Soranz reiterou que a melhora no cenário epidemiológico leva o município a proporcionar opções de lazer com ambiente controlado para a Covid-19. O objetivo é proporcionar um ambiente mais seguro e evitar a exposição em eventos clandestinos que podem ser frequentados por essas pessoas.
“Não dá para a gente achar que a saúde pública vai evitar que as pessoas continuem circulando em um panorama epidemiológico como esse. Quando foi necessário a gente implementou medidas restritivas muito duras, com fechamento de bares, restaurantes e outros estabelecimentos. Mas agora é um novo momento. Se a gente não der opções às pessoas, teremos proliferação de eventos clandestinos e de pessoas de reunindo em domicílio, ambientes onde não temos controle ou proteção”, afirma.