Mandetta alertou Planalto sobre Prevent Senior
Ex-ministro da Saúde fez um alerta no dia 31 de março de 2020 sobre a operadora
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez um alerta no dia 31 de março de 2020 sobre a operadora Prevent Senior, que se tornou alvo de investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.
A declaração ocorreu durante uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, na qual Mandetta criticou duramente o hospital Sancta Maggiore, que pertence à operadora.
O então ministro da Saúde afirmou que, naquele início de pandemia, havia uma taxa alta de mortes de idosos no hospital, e, inclusive, havia a possibilidade de intervenção nos hospitais da operadora.
Envolto em discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — dentre as quais a resistência dele ao tratamento precoce –, 16 dias depois dessa coletiva Mandetta deixou o Ministério da Saúde.
Conselheiros
Na sequência da saída de Mandetta da pasta, médicos que integrariam o chamado “gabinete paralelo”, como Nise Yamaguchi e Paulo Zanotto, tornam-se alguns dos principais conselheiros do Palácio do Planalto em ações para o combate à pandemia de Covid-19, justamente porque tinham uma visão convergente em relação ao tratamento precoce.
Além disso, no dia 16 de abril — no mesmo dia em que Mandetta anuncia que foi demitido do ministério –, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou o parecer que autorizou médicos a prescreverem a cloroquina e a hidroxicloroquina a pacientes com sintomas leves e moderados da Covid-19, além do uso em quadros críticos, que já vinha sendo adotado.
Após a determinação, a Prevent passou a explorar o chamado tratamento precoce.
Documento assinado por Nise Yamaguchi e Paulo Zanotto ao qual a CNN teve acesso fala da Prevent como um modelo de tratamento. Esse protocolo preconiza o uso de hidroxicloroquina e azitromicina precocemente.
À CNN, Lucas Tavares, que é assessor de imprensa do hospital Sancta Maggiore, afirmou que mantém as posições de que as denúncias contra a Prevent foram armadas, e que pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue as denúncias e seus autores.
Sobre Mandetta, Tavares afirmou que é mais um político “querendo surfar nas denúncias contra a Prevent”.
A médica Nise Yamaguchi foi procurada, mas não quis se pronunciar.
Paulo Zanotto afirmou que o documento é de março ou início de abril de 2020 e é uma versão “preliminar” de protocolos sendo usados em vários locais do mundo. O médico disse ainda que o material faz parte de política de saúde de diversos países e também de secretarias de saúde de alguns municípios, em que há redução de letalidade.