Com maior alta em 20 anos, Brasil passa Rússia e tem o 2° maior juro do mundo
Ranking da Infinity aponta que recompensa do investidor no Brasil é de 3,34%, ficando atrás somente da Turquia
A alta de 1 ponto percentual na Selic, anunciada pelo Banco Central na noite de quarta-feira (23), levou a taxa básica da economia brasileira ao segundo lugar no ranking de maiores juros reais (descontada a inflação) do mundo.
Com a decisão, o Brasil passou a Rússia, ficando atrás somente da Turquia, com juros reais de 3,34% projetados para os próximos 12 meses, segundo o ranking da gestora de recursos Infinity Asset Management.
Esse valor, que corresponde, de forma geral, à recompensa do investidor, fica em 4,96% na Turquia e em 1,87% na Rússia.
Desde a virada de 2002 para 2003 a taxa básica não subia tanto e em tão pouco tempo.
Reagindo à escalada da inflação no Brasil, o atual ciclo de aperto monetário começou em março deste ano, quando a Selic saiu da mínima histórica de 2% ao ano para 2,75%, até chegar aos 6,25% nesta quarta-feira.
Foi um salto de 4,25 pontos em cinco reuniões consecutivas, realizadas ao longo de sete meses: nos três primeiros encontros, o incremento foi de 0,75 ponto percentual e, nos dois últimos, de 1 ponto cada.
O ranking da Infinity ainda aponta que, entre 168 países, 82,7% mantiveram os juros, 14,3% elevaram e 3,0% cortaram.
“Continua a pressão da inflação global, a qual se acelerou na maioria das medidas, dadas as ainda contínuas pressões e choques de oferta ao atacado e aceleração de demanda, em vista ao processo de reabertura de diversas localidades, convertendo a maioria das taxas em terreno negativo”, explica o relatório.
Em agosto, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses encostou nos dois dígitos, a 9,68%. Na Turquia, o índice local de preços, também em tendência de alta, subiu para 19,25% no mesmo mês, enquanto que, na Rússia, a inflação está na casa dos 6,7%, de acordo com o site Trading Economics, que monitora a economia de quase 200 países.
“Ainda que se preservem os programas de alívio quantitativo, o movimento global de políticas de afrouxamento monetário perdeu força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, em especial devido aos recentes choques de oferta e perspectiva de alta nas commodities, com diversas altas de juros”, continua.
*Com a colaboração de Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo