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    Em meio à ‘safra dos ventos’, eólica compensa parte das perdas de hidrelétricas

    Setor tem batido recordes de produção no período mais favorável ao segmento no ano

    Stéfano Sallesda CNN , no Rio de Janeiro

    Praticamente inexistente na matriz energética brasileira durante a crise de 2001, a energia eólica já se tornou a segunda mais utilizada no país, respondendo por 10,8% do consumo do Sistema Interligado Nacional (SIN), de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Essa proporção, contudo, vai aumentar até novembro, período até o qual se estende o que o mercado energético classifica como “safra dos ventos”.

    O segundo semestre do ano é o momento no qual, tradicionalmente, registram-se os ventos mais favoráveis para a produção de energia eólica brasileira. Para ela, não basta ventar: é necessário que tenha ventos estáveis, com velocidade adequada e sem mudanças bruscas de direção. Essas condições mais favoráveis que ocorrem durante a safra aumentam a participação do segmento na matriz.

    Neste período, a eólica costuma bater recordes de geração, que aumentam a participação do segmento na matriz. Frequentemente ela se aproxima dos 20% e, neste momento, está em 16,9%. No mesmo período, as hidrelétricas, responsáveis por 63,2% da capacidade instalada, têm contribuído apenas com 43,3% da energia, devido à baixa dos reservatórios.

    O Brasil tem atualmente a sétima maior capacidade mundial instalada de produção de energia eólica, com 726 parques capazes de produzir 19,1 gigawatts (GW). A meta é fechar o ano com 20,1 GW, quase 14 vezes mais que o registrado no país dez anos antes. Ritmo que, de acordo com Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), seguirá intenso nos próximos anos.

    “Nós vamos expandir a capacidade instalada para 30 GW até 2024. Isto, com base em contratos de leilões já realizados e obras em andamento, não são apenas expectativas. Temos adicionado, em média, 3 GW de capacidade instalada por ano. Cerca de 80% da energia eólica do Brasil hoje está concentrada no Nordeste, que tem os melhores ventos, mas há também uma produção importante no Rio Grande do Sul”, afirma.

    Durante a safra dos ventos, o setor costuma bater recordes de geração que aumentam a participação do segmento na matriz. Frequentemente ela se aproxima dos 20% e, neste momento, está em 17,9%. Enquanto isto, as hidrelétricas, responsáveis por 63,2% da capacidade instalada, tem entregue 43,9% da energia.

    Para Elbia Gannoum, um dos desafios do planejamento energético brasileiros é assimilar que as hidrelétricas não podem mais entregar energia correspondente à capacidade instalada de produção.

    “Mesmo que não estivéssemos em meio a uma crise hídrica, a energia já estaria no centro das discussões porque é influenciada por vários fatores. Entre eles, as mudanças climáticas que alteram os ciclos da natureza, e as metas ambientais. O planejador energético, que faz um trabalho muito bom, precisa entender que as hidrelétricas não podem mais entregar 63,2% da energia brasileira. Talvez possa entregar 50%”, avalia.

    Os planos de diversificação da matriz, conduzidos pelo Ministério de Minas de Energia, pretendem reduzir a participação das hidrelétricas, de 63,2% em 2021, para 58,9% até dezembro de 2025. O dado é do relatório do Programa Mensal da Operação (PMO), elaborado pelo ONS em agosto.

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