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    Desvalorização do dólar oficial é medida mais aguardada por empresários argentinos

    Novo governo adiou anuncio do plano econômico de Javier Milei

    Thais Herédiada CNN , São Paulo

    A medida mais aguardada do novo governo por empresários argentinos é a da desvalorização do câmbio oficial no país.

    O anúncio dos planos de Javier Milei para a economia foram adiados para esta terça-feira (12) e alimentou a ansiedade sobre o que será da gestão do presidente recém-empossado.

    Nesta segunda (11), a cotação oficial estava na casa dos 400 pesos por dólar, enquanto a do dólar blue, como é conhecido o cambio paralelo, estava em 980 pesos por dólar.

    A diferença descomunal entre os dois valores travou o comércio exterior da Argentina nos últimos anos e a equalização preocupa os empresários, segundo o consultor Welber Barral, sócio da BMJ Consultores Associados e o ex-secretário de Comércio Exterior.

    “Estão todos preocupados com o ritmo dessa desvalorização. Essa diferença de preços vem segurando os negócios e forma como ela vai acontecer tem impacto direto no volume de exportações, de importações e, claro, na inflação”, disse Barral à CNN.

    Antes de assumir o governo, fontes da equipe de Milei já diziam que a desvalorização do câmbio oficial deveria ser de 100%, ou seja, dobrar o valor atual e praticamente acabar com a diferença para o dólar blue.

    O choque da medida, porém, pode impor algum gradualismo ou roteiro previsível para não causar mais estragos.

    “Este dólar na casa dos 700 pesos seria um valor de equilíbrio, incentivaria a exportação e acabaria com essa enorme distorção da economia. Mas vão fazer de uma vez ou em que prazo? Porque o impacto inflacionário será grande”, ressalta Barral.

    “Se a desvalorização for muito brusca e de uma vez só, pode provocar alta no dólar blue e isso aumenta ainda mais a inflação”, diz o especialista, que passou os últimos seis meses em Buenos Aires, montando um escritório de consultoria para empresas argentinas que tem negócios com exterior.

    O adiamento do anúncio das medidas preocupa, mas não assusta tanto. Segundo Barral, a informação dos bastidores do novo governo é que estaria acontecendo uma revisão jurídica dos decretos que serão anunciados por Milei e sua equipe econômica.

    O clima entre os empresários é de apreensão e, ao mesmo tempo, otimismo relativo já que a Argentina não será mais a mesma com a saída do peronismo do poder.

    “O empresário argentino é calejado, já passou por tudo que se possa imaginar. Ele é muito desconfiado e se prepara para o que pode vir. Todos têm reservas em dólares, seja em casa ou fora do país. Sabendo que os choques na economia viriam, todo mundo dolarizou estoque ou depósitos externos. E, como ninguém confia no governo, a reação é dolarizar e esperar o que vai acontecer”, disse.

    O consultor brasileiro teme a reação da sociedade argentina aos efeitos das medidas que serão anunciadas por Javier Milei. O próprio presidente assume que a situação vai “piorar antes de melhorar”, como disse em seu discurso de posse.

    “O jogo só começa agora e a grande verdade é que os desafios são muitos e muito difíceis. O risco é que a insatisfação cresça mais rápido do que os resultados. Quando começar o corte de subsídios, compromisso de campanha de Milei, a gritaria vai começar. A Avenida 9 de Julho [umas das principais de Buenos Aires] vai ficar lotada de gente”, ressalva o economista.

    Veja também: O que esperar da economia argentina com Milei

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