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    Remessa de 1,7 milhão de doses não resolve falta de AstraZeneca pelo Brasil

    São Paulo e Rio de Janeiro devem receber remessas menores do que as necessárias para reestabelecer aplicação da segunda dose

    Profissional da saúde prepara vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 para aplicação em São Paulo
    Profissional da saúde prepara vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 para aplicação em São Paulo Governo do Estado de São Paulo

    Pedro Duranda CNN* No Rio de Janeiro

    A remessa entregue pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ao Ministério da Saúde não vai resolver a falta de doses da vacina AstraZeneca em vários lugares do país.

    Cerca de 1,7 milhão de doses foram entregues à pasta por volta das 15h50 desta terça-feira (14). A quantidade é menor do que o necessário para resolver problemas de escassez nas maiores cidades do país.

    A pasta ainda não tem prazo para entregar as doses aos governos estaduais. Até o final da semana, a meta da Fiocruz é entregar cerca de 5 milhões de doses, o que poderia resolver o problema caso a distribuição fosse imediata — o que não tem acontecido.

    No estado de São Paulo, por exemplo, o buraco nesta semana deve chegar a 1 milhão de doses. A estimativa é do secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn.

    Com duas semanas sem receber vacinas, as cidades paulistas zeraram os estoques, mas, com as datas de aplicação da segunda dose definidas no momento em que as pessoas tomam a primeira, o déficit vai aumentando dia após dia.

    Nos cálculos de Gorinchteyn, cada semana sem receber AstraZeneca impacta na segunda dose de 340 mil paulistas.

    “O governo aguarda quase 1 milhão de doses que ainda não foram enviadas pra dar seguimento à vacinação. Nós fizemos um ‘faseamento emergencial’ com segunda dose de Pfizer, mas a intenção é que isso não seja permanente pra que a gente não tenha impactos com outro imunizante”, disse ele à CNN.

    São Paulo tenta receber mais doses

    O estado de São Paulo fica com cerca de 20% das remessas enviadas ao PNI. Mantida a proporcionalidade, isso representaria 340 mil doses, um terço do que seria necessário para resolver o problema nesta semana. O governo tenta sensibilizar o Ministério da Saúde para ser priorizado nesse momento.

    Já a cidade do Rio de Janeiro tem 22 mil doses de AstraZeneca em estoque. O estado do Rio de Janeiro entrega ao município, nesta quarta-feira (15), mais 20 mil doses das 50 mil que receberá da Fiocruz nesta terça-feira (14).

    A capital fluminense fica com cerca de 40% das doses recebidas pelo estado. Somadas, as 42 mil doses não seriam suficientes para vacinar as 44 mil pessoas que deveriam tomar a segunda dose de AstraZeneca nesta semana.

    Na próxima semana, devem procurar os postos de saúde 108 mil moradores do Rio de Janeiro para a segunda dose da vacina.

    Uso de vacinas diferentes

    O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, avalia que a substituição por Pfizer cumpre a imunização, mas que o ideal seria ter a vacina da AstraZeneca para que a Pfizer fosse direcionada aos adolescentes, que só podem tomar esta opção por enquanto.

    “A gente já faz essa intercambialidade há mais de três meses com gestantes. E há mais de quatro semanas estamos fazendo ‘AstraPfizer’ pra quem quiser. Nunca chegou a faltar AstraZeneca 100% e as cidades do interior do estado estão fazendo a mesma coisa que a gente. Mais de 10 países tiveram a mesma situação, estamos tratando com muita naturalidade e normalidade, já que a AstraZeneca pode ser substituída pela Pfizer com resultado igual ou superior”, disse ele à CNN.

    Situação em Belo Horizonte

    A prefeitura de Belo Horizonte também conta com mais vacinas para convocar novos grupos para a segunda dose. O restante do estoque de AstraZeneca será usado na próxima quinta-feira (16), data em que irão aos postos de saúde as pessoas com 55 anos.

    Isso só acontecerá se chegarem novas doses aos postos até esta data, o que o Ministério da Saúde não garante.

    A cidade está no limite do intervalo máximo de aplicação determinado pelo Ministério da Saúde. Na prática, com essa agenda, pessoas com 55 anos terão cumprido as exatas 12 semanas de intervalo para a vacina da AstraZeneca.

    O próprio Ministério da Saúde já sugeriu a diminuição de intervalo entre doses para oito semanas. Caso mais vacinas não cheguem à cidade, a consequência será impor um intervalo maior que 12 semanas para pessoas com 54, 53, 52 anos e assim sucessivamente.

    Estoques zerados

    A capital do Tocantins está com estoques de AstraZeneca zerados. Eles tiveram uma sinalização do governo do estado de que devem receber uma remessa ainda nesta semana, mas não há previsão de data ou quantidade por enquanto. Enquanto isso, a aplicação da segunda dose com AstraZeneca está suspensa.

    Porto velho também está sem doses de AstraZeneca.

    A CNN questionou o Ministério da Saúde sobre o prazo de distribuição da vacina para as cidades e as quantidades exatas de acordo com o critério de proporcionalidade, mas, até o momento, não houve retorno.

    (*Com informações de Caroline Louise, da CNN)