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    Tolentino nega atuação em contrato da Covaxin e influência no FIB Bank

    Questionado pelos senadores sobre quem seria o verdadeiro dono do FIB Bank ou empresas relacionadas, Tolentino preferiu manter o silêncio na comissão

    Bia GurgelGiovanna GalvaniRafaela LaraDouglas Portoda CNN* , em Brasília e São Paulo

    A CPI da Pandemia ouviu, nesta terça-feira (14), o empresário e advogado Marcos Tolentino, apontado pela Comissão como “sócio oculto” do FIB Bank, que teria oferecido garantias à Precisa Medicamentos em negociação da vacina indiana Covaxin com o governo federal.

    Durante depoimento no Senado Federal, Tolentino diz que não tem influência sobre o FIB Bank e afirmou que não auxiliou nos trâmites da compra da Covaxin entre Precisa e o Ministério da Saúde. Ele argumenta que, na época, estava internado em decorrência da Covid-19.

    A Comissão aprovou um pedido do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que solicita ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria nas contas do FIB Bank.

    O FIB Bank ofereceu uma carta-fiança de R$ 80,7 milhões em um contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde, para a compra da vacina Covaxin.

    Documentos enviados pelo Ministério das Relações Exteriores à CPI revelaram que o valor negociado, de US$ 15 por dose pela Covaxin, era 1000% superior ao estimado pela farmacêutica em agosto de 2020. O contrato foi rescindido pelo Ministério da Saúde no dia 27 de mesmo mês

    Questionado sobre quem seria o verdadeiro dono do FIB Bank ou empresas relacionadas, Tolentino preferiu manter o silêncio.

    Depois que ele negou que alguma de suas empresas tenha recebido valores do FIB Bank em função da garantia emitida para Precisa Medicamentos, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a informação era imprecisa.

    O empresário também destacou, de antemão, que não sediou nenhum jantar em casa, no qual Francisco Maximiano teria encontrado Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, assim como outros membros do alto escalão do governo.

    Informações levantadas pela CPI mostram que a Rede Brasil de Televisão, a Pico do Juazeiro, a Brasil Space Log e a Benetti registram contas na mesma agência em São Paulo.

    O relatório apontou que movimentações financeiras mostram que a Brasil Space Air Log, empresa de Tolentino, recebeu R$ 336 mil reais do FIB Bank no mesmo dia em que valores foram pagos pela Precisa Medicamentos.

    Outros R$ 14 mil foram repassados a Wagner Potenza, ex-presidente do FIB.

    Renan Calheiros também cobrou explicações de Marcos Tolentino sobre repasses de R$ 1,9 milhão do FIB Bank para a Brasil Space Air Log.

    Tolentino ficou em silêncio sobre todas essa questões a respeito da relação entre as empresas, inclusive quando questionado sobre a Rede Brasil e o FIB Bank.

    Renan afirmou que a CPI já tem informações que comprovam que esse “emaranhado” é controlado pelo empresário.

    O empresário, dono da Rede Brasil de Televisão, teve o direito a permanecer em silêncio em questões que pudessem incriminá-lo. Ele não consta na lista de investigados pela comissão.

    Acompanhe os destaques da CPI

    CPI aprova requerimentos e pede que TCU faça auditoria nas contas do FIB Bank

    Durante a sessão desta terça-feira, a CPI aprovou um requerimento que pede ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria nas contas FIB Bank.

    O pedido, votado no meio da sessão, é de autoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE).

    “Precisamos sugerir ao TCU e à PGR que oriente a suspensão de todos os contratos que tenham o FIB Bank como garantidor fidejussório”, disse Carvalho.

    Na sequência, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que ocupava a presidência da sessão, colocou o requerimento em votação. Com a aprovação, o TCU e a Procuradoria-Geral da República (PGR) deverão analisar os contratos e contas do FIB Bank.

    Outro requerimento aprovado, de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), requer que sejam enviadas solicitações à Casa Civil, Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Economia e demais Ministérios, a respeito da suspensão das cartas de fiança emitidas pela empresa FIB Bank.

    Tolentino fica calado sobre quem é o dono do FIB Bank

    Questionado sobre quem seria o verdadeiro dono do FIB Bank, Marcos Tolentino escolheu reservar-se ao direito ao silêncio e afirmou que já havia detalhado sua relação com a empresa em suas declarações iniciais.

    “Isso está público e por isso queria utilizar meu direito ao silencio”, declarou.

    Em resposta, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que, de acordou com informações obtidas na sessão com o diretor do FIB Bank Ricardo Pereira Júnior, “o FIB Bank não existe, é uma empresa de prateleira cujos sócios são laranjas”.

    Marcos Tolentino explica relação com Ricardo Barros, Jair Bolsonaro e Precisa Medicamentos

    Nas declarações iniciais, Marcos Tolentino também decidiu explicar suas relações com nomes como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados, e Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos.

    Tolentino disse que o conhecia Bolsonaro desde a época de deputado federal e que não possui “amizade ou qualquer tipo de relacionamento”, mas que esteve com ele “em alguns encontros casuais apenas”.

    Segundo ele, a relação com Barros é de uma “amizade” que dura há anos. No depoimento de Barros à CPI, Tolentino esteve presente em um dos anexos do Senado – ação pela qual se “desculpou” com os senadores caso tenha parecido “afrontosa”.

    “Até hoje mantenho vinculo de respeito e amizade, nada além disso. Não quis afrontar os senadores e peço desculpas se pareceu, em relação ao meu comparecimento à CPI”, disse.

    Já em relação à Precisa Medicamentos, o empresário destacou de antemão que não sediou nenhum jantar em sua casa no qual Francisco Maximiano teria encontrado Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, assim como outros membros do alto escalão do governo.

    “Conheci Maximiano da Precisa Medicamentos no ambiente profissional. Jamais representei a empresa ou realizamos qualquer negócio. Sobre o jantar noticiado que teria sido em minha residência, nunca recebi essas pessoas pra tratar de compra de vacinas ou de consórcio da Covaxin”, disse.

    Marcos Tolentino nega ser “sócio oculto” do FIB Bank

    Advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva chega ao Senado Federal / Pedro França/Agência Senado

    O empresário e advogado Marcos Tolentino utilizou de sua fala inicial na comissão para afirmar que não é “sócio oculto” do FIB Bank e disse que não auxiliou nos trâmites entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde. Ele argumenta que, na época, já que estava internado em decorrência da Covid-19.

    “Vim para contribuir com esclarecimentos que por ventura sejam do meu conhecimento. Não tenho qualquer constrangimento. Não existe ato ou fato da minha parte que pode me ligar a [CPI]”, afirmou.

    “Eu, Marcos Tolentino, não possuo qualquer participação na sociedade [do FIB Bank]. Não sou sócio, como veiculado por algumas matérias”, completou.

    Tolentino disse que ambas têm o mesmo endereço porque os escritórios são no mesmo conjunto de prédios, mas em edifícios diferentes. Tais relações também teriam origem em uma empresa formada com Edson Benneti.

    “Eu ingressei como sócio da empresa de Benetti e me desliguei do quadro societário há quase 12 anos. Dessa empresa, derivaram muitos negócios e bens, empresas… Algumas dessas permaneceram de minha propriedade e outras foram para o filho de Benetti. E a empresa principal foi transferida. A empresa Pico do Juazeiro, derivada dela, tornou-se sócia da empresa FIB Bank”, explicou.

    “Em alguns momentos, o FIB utilizou telefones da Benetti, e eles funcionam no mesmo prédio. Mas isso é diferente de ser sócio oculto. Quem é sócio da empresa é a Pico e a Benetti. Ambas empresas estão no mesmo prédio e isso se deveu ao fato do escritório ter se utilizado dos serviços prestados pelo FIB”.

    Marcos Tolentino diz conhecer Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro

    Marcos Tolentino afirmou conhecer Karina Kufa, advogada de Bolsonaro/ Pedro França/Agência Senado

    Ao ser questionado pelo senador Randolfe se conhecia Karina Kufa, que defende o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na esfera eleitoral, Tolentino afirmou conhecer.

    “Sim, conheço. [Ela já foi minha advogada] em um assunto eleitoral”, afirmou Tolentino.

    Existe a intenção da CPI em levar Kufa a depoimento para que ela explique um churrasco promovido na casa dela onde Marconny Faria, suposto lobista da Precisa Medicamentos, teria se encontrado com o ex-secretário da Anvisa José Ricardo Santana.

    Quem é Marcos Tolentino

    Tolentino chega à CPI sob a condição de possível “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que ofereceu uma carta-fiança de R$ 80,7 milhões em um contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina Covaxin.

    Tolentino e Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, teriam participado de uma reunião com o dono da Precisa, Francisco Maximiano, antes do fechamento de contrato das doses da Covaxin.

    Nessa reunião, a suspeita da comissão de inquérito é de que Tolentino teria aproximado Francisco Maximiano ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

    No depoimento de Ricardo Pereira Júnior, diretor do FIB Bank, Tolentino foi definido pelo depoente como sócio de outra empresa com participação no FIB Bank, a Pico do Juazeiro Participações.

    Porém, segundo a CPI, o endereço da emissora de Tolentino seria o mesmo da Pico do Juazeiro, e o mesmo número de telefone do escritório de advocacia dele em São Paulo aparece em outra empresa acionista do FIB Bank.

    A presença de Tolentino se deu após diversas resistências, por parte do empresário, em comparecer ao Senado.

    Na data original para seu depoimento, Tolentino afirmou que havia passado mal antes de embarcar à Brasília e enviou à CPI um ofício do Hospital Sírio-Libanês, que atestou que ele estava internado.

    Depois, o depoente tentou apelar para o Supremo Tribunal Federal (STF) para que não fosse obrigado a ir à oitiva, mas o pedido foi negado pela ministra Cármen Lúcia.

    Como último recurso, a defesa do empresário voltou à corte para pedir que a possibilidade de condução coercitiva, adquirida pelos senadores junto à Justiça Federal da Brasília, fosse negada.

    A apelação foi rejeitada novamente pela ministra na segunda-feira (13).

    *Com informações da Agência Senado

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